Agronegócio

Suinocultura: preço pago ao produtor é o mesmo de 3 anos

Toledo – Com média de R$ 3,50 pagos pelo quilo do suíno, os produtores querem entender por que, apesar do preço da soja ter baixado, a saca do farelo não sofreu redução.

Sem aumento da receita nem queda do custo, parte dos suinocultores independentes está, mais uma vez, quase pagando para trabalhar. Os integrados também já veem queda nos ganhos pela terminação de leitões no oeste do Paraná, principal polo de criação do Brasil e responsável por 40% da produção estadual com um plantel estático de cerca de 2,6 milhões de cabeças em 5 mil propriedades.

A abertura de mercados, como os tão esperados México e Rússia, ainda não aconteceu na prática, o que tem contribuído, segundo o especialista no setor Leoclides Bisognin, para manter o preço da carne mais baixa para colocação, prioritariamente no mercado interno, uma vez que a demanda nacional segue pouco aquecida e há muito produto disponível.

Os valores pagos hoje são muito similares aos recebidos pelos produtores há três anos. “Não se manteve assim por todo esse período, há variações… Quando os preços da soja e do milho caem, o suinocultor ganha mais e gasta menos com custo de produção, no contrário, o custo sobe e espreme a margem”, explica o especialista.

A boa notícia – ao menos que parece servir como alento – é que o custo de produção deve se manter nos próximos meses.

Ontem, em Toledo, o diretor-presidente da Coamo, José Haroldo Galassini, lembrou que a quebra na soja não pode ser estendida em grandes níveis para todo o País e que, apesar dos danos maiores em algumas regiões paranaenses, a colheita promete ser expressiva no cenário nacional, casada com os elevados estoques do produto, o que devem conter o aumento da cotação da commodity.

O milho, outro produto essencial para alimentar os animais, não tem saído por menos de R$ 30 a saca e a expectativa dos produtores, segundo Bisognin, é que os valores possam ao menos se manter com o cenário que se desenha na safrinha. “Por mais que não haja mais dinheiro disponibilizado pelo governo para financiamento da safra de inverno, as principais regiões produtoras de milho são o oeste, o norte e parte do sudoeste do Paraná. Nelas a maior parte dos financiamentos já foi tomada no fim do ano passado, inclusive boa parte das áreas já está cultivada. Então não acredito em redução de área de milho na safra de inverno e de produção por esses motivos”, considera.

O cenário está mais crítico para cerca de 3% dos suinocultores da região que são os considerados independentes, ou seja, que não têm ligação com cooperativas e vendem para o mercado que melhor lhe convier.

A esperança para a suinocultura brasileira e regional está na compra de 400 mil toneladas da carne pelo México, anunciada ainda no ano passado mas que não saiu do papel.

O fim do embargo russo foi decretado ano passado, mas, como os portos estão fechados devido ao inverno, a espera é pela retomada das compras.

A produção brasileira hoje é de mais de 2 milhões de toneladas de carne, das quais apenas 500 mil são enviadas para fora do País. O restante depende da acomodação no mercado interno. Para se ter ideia, somente na região oeste são abatidos diariamente de 15 mil a 17 mil suínos.