Agronegócio

Soja, milho e feijão: Falta de chuva atrasa plantio por todo oeste

Terra preparada, insumos comprados e produtores  aguardando a chuva para iniciar plantio

Soja, milho e feijão: Falta de chuva atrasa plantio por todo oeste

Reportagem: Juliet Manfrin

Corbélia – A chuva que não consegue avançar pela região já provoca preocupação extrema no campo por todo o oeste do Paraná.

Ao menos 270 mil hectares que já deveriam ter sido cultivados com soja ainda não receberam as sementes; dos cerca de 70 mil hectares destinados ao milho apenas 7 mil foram cultivados; e, dos 3,5 mil hectares para o feijão, que deveriam estar em desenvolvimento vegetativo, somente 350 hectares foram semeados em Corbélia, Cascavel e Catanduvas.

O déficit de precipitação já ultrapassa os 500 milímetros desde maio, castigando o que também está no campo: o trigo que aguarda para ser colhido. Em torno de 60% das áreas a planta ainda não foi removida do campo, e, dos 51% das lavouras já perdidas com as ocorrências de geada e do frio extremo de julho, deverá haver um percentual maior já na próxima avaliação a ser feita pelo Deral (Departamento de Economia Rural) nos próximos dias.

Se para o trigo no campo não há muito o que esperar, a preocupação se volta ao cultivo da soja, a principal cultura da região. “As condições que se desenham agora são parecidas com as registradas em 2017, quando não choveu no mês de setembro inteiro [principal período de cultivo na região] e depois vieram chuvas torrenciais em outubro que varreram as lavouras e tiveram de ser replantadas. Isso interferiu na safrinha de milho no ano passado, resultando em menos áreas cultivadas porque terminou o zoneamento e muita gente ainda tinha soja nas lavouras”, reforça o técnico do Deral José Pértille.

É preferível plantar no pó, diz técnico

Foz do Iguaçu – Ontem (12) algumas pancadas de chuva foram registradas na região, como em Foz do Iguaçu, onde foram registrados 3 mm pelo Simepar.

Para José Pértille, essas chuvas ocasionais precisam ser analisadas com atenção. “É terrível plantar com garoa. É preferível plantar no pó do que com garoa porque vai dar problema de germinação. Para iniciar o plantio pra valer, seriam necessários pelo menos uns 40 a 50 milímetros de chuva”, reforça.

O produtor Erno Just, de Nova Santa Rosa, aproveitou a chuva registrada no primeiro fim de semana de setembro para cultivar uma área com soja. “Agora a gente espera que chova para germinar, queira Deus que a chuva venha logo”, torce.

De pronto, as previsões para Erno e para os produtores que destinarão mais de 1 milhão de hectares à cultura nesta safra não são muito animadoras, ao menos não por ora. Em Nova Santa Rosa e municípios beira Lago de Itaipu, a única previsão de chuva, segundo o Simepar, é para o dia 25 deste mês, com pouco mais de 3mm. Uma ocorrência um pouco mais intensa, de cerca de 25mm, está prevista para o dia 26 de setembro.

Condições do milho

No caso do milho, a situação também é preocupante. Com cerca de 50 mil hectares destinados à produção de grãos e pouco mais de 20 mil hectares para silagem, apenas uma parcela foi plantada, mas não consegue se desenvolver. “Se não chover em breve, nos próximos dias essas lavouras não terão como se desenvolver, não vai germinar”, explica José Pértille.

A regra é a mesma para o feijão, que vem desaparecendo dos campos do oeste ano após ano. Neste momento, toda área de 3,5 mil hectares deveria estar cultivada e caminhando para o desenvolvimento vegetativo. “E em vez disso o que vemos é menos de 10% da área cultivada, desenvolvendo-se mal, sem previsão de chuva para retomar o plantio e recuperar as lavouras cultivadas. Neste caso, como as áreas dificilmente têm seguro, o período do plantio não interfere no zoneamento. Então quando chover, elas serão cultivadas”, completou.

Cascavel adota rodízio de abastecimento a partir de hoje

Cascavel – O clima deu um refresco nas temperaturas ontem – por volta das 15h os termômetros estavam em 18ºC, 20 graus a menos que 24 horas antes, e o tempo fechado -, graças ao avanço de uma frente fria com áreas de instabilidade. Contudo, isso não deverá permanecer assim. Hoje as temperaturas seguem amenas, variando dos 14ºC aos 28ºC, mas a partir de amanhã o calor volta com tudo.

Na região beira lago, da metade até o fim da próxima semana os termômetros podem chegar a 40ºC e a umidade do ar despencar para 15%. O avanço de uma frente fria só dará uma amenizada nas temperaturas no sábado dia 21, quando a máxima deve ficar nos 28ºC e a mínima cair para 10ºC.

Em Cascavel, a chuva pode chegar no dia 21, mas esparsas e em volumes bem baixos. No Município, a Sanepar inicia hoje rodízio de água, diante da baixa de 60% dos reservatórios. A cidade foi dividida em sete regiões e a cada dia uma delas fica sem água. Todos os detalhes de como será feito o rodízio no fornecimento você acompanha no site do jornal, oparana.com.br.

“A Sanepar colocou todas as medidas emergenciais para garantir o abastecimento, porém não está sendo suficiente para manter a regularidade no abastecimento. O rodízio é a alternativa encontrada para os imóveis de todas as regiões da cidade recebam água tratada por pelo menos 18 horas diárias”, explica o gerente-geral Renato Bueno.

O gerente lembra que a medida é temporária e que, se cada um der a sua contribuição e fizer a sua parte com o uso racional, a Sanepar vai poder amenizar os impactos da falta de água na cidade.

A recomendação é que a água seja utilizada prioritariamente na alimentação e higiene pessoal. As limpezas pesadas, lavagens de veículos, calçadas, fachadas e a irrigação de hortas e jardins são atividades que devem ser adiadas até que a situação volte à normalidade.

Além de Cascavel, municípios como Anahy, Campo Bonito, Lindoeste e parte de Catanduvas estão em alerta e a recomendação é para que o uso da água seja racional.

Isso tudo porque a precipitação para valer deve ser ocorrer só daqui a duas semanas, com até 40mm acumulados em quatro dias, mesmo assim, o alerta dos serviços meteorológicos é que essas condições poderão mudar conforme as massas de ar quente e frio avancem sobre a região. Não há expectativa de normalização de chuvas até o fim de outubro e início de novembro.

A primavera chega daqui a dez dias com possibilidade de pancadas isoladas pela região, no dia 23, e termômetros variando dos 15ºC aos 28ºC.