Esportes

Sob críticas da Wada, COI respalda Bach e quer revisão do sistema antidoping

201608012112508053_AFP.jpgRIO- Ao fim de mais de duas horas de discussão, o Congresso do COI aprovou por larga maioria, na manhã desta terça-feira, a decisão do Comitê Executivo sobre o caso Rússia, dando respaldo ao presidente Thomas Bach. Houve apenas um voto contra. Sob grande pressão pela indefinição da situação às vésperas dos Jogos, e sob críticas da Agência Mundial Antidoping (Wada) por não ter referendado o pedido de banimento completo da delegação russa, expresso no relatório McLaren, o presidente do COI abriu o 129º Congresso do órgão em um hotel da Barra, com um grande debate sobre a luta contra o doping. Dopping

Bach pretendia fazer uma espécie de prestação de contas ao Congresso (formado por representantes de todos os países filiados) das decisões recentes do Comitê Executivo da entidade, que optou por não banir completamente a Rússia e estabelecer dois “filtros” para o sinal verde para a participação dos atletas do país no Rio: o “ok” de cada federação internacional do esporte e por último a aprovação de uma comissão especial recém-criada do próprio COI.

Info doping – ATLETAS PUNIDOS

Info doping – MUNDI

Info doping – RANKING

Info doping – OS ESPORTES

Em seu discurso de abertura, em que rebateu críticas feitas por Craig Reed, presidente da Wada e também vice-presidente do COI, Bach afirmou que a entidade proporá, em outubro, uma “revisão total” do sistema antidoping. Ao fim da discussão sobre o tema, pôs em votação um apoio à decisão do Comitê Executivo sobre o caso Rússia e à ideia de propor mudanças no sistema. Quase todos no plenário levantaram o braço. O próprio Bach conduziu a “contagem” dos votos, e anunciou apenas um voto contra (possivelmente do representante da Rússia).

? Precisamos de uma revisão total do sistema antidoping da Wada. O COI está pedindo um sistema mais robusto e eficiente, com mais transparência. Isto será proposto em outubro. Eu me preocupo, sim, com o banimento total dos atletas da Rússia ? afirmou Bach, no início do debate.

REPRESENTANTE RUSSO CRITICA

O principal contraponto, como era de se esperar, veio do representante do Comitê Olímpico da Rússia, Alexander Zhukov. Ele reclamou de injustiça contra dezenas de atletas do país.

? Fomos desqualificados, e depois aceitos. Reputações foram irremediavelmente prejudicadas. Mais de 60 atletas (do atletismo) limpos, testados por meses, em laboratórios estrangeiros, não foram aceitos em competições, inclusive a Olimpíada. Foram suspensos sem motivo. Não se pode limitar o direito de defesa, e o que pede o relatório McLaren vai quebrar a vida de atletas limpos. Espero que o COI tenha a serenidade de tomar as decisões justas ? afirmou.

Durante a discussão, a maioria dos membros do COI que pediram a palavra apoiou a postura do Comitê Executivo sobre o caso. Em alguns momentos, porém, mesmo alguns que votariam a favor da decisão fizeram ponderações, como o representante do Canadá, Richard Pound, ex-presidente da Wada.

? A decisão do Comitê Executivo causou grandes problemas, inclusive para os membros que não puderam influir na decisão. A decisão foi impopular em muitos países. Isto deveria ser discutido antes no Congresso, não apenas pelo comitê executivo ? afirmou.

INDEFINIÇÃO SEGUE

O presidente da Wada, e vice do COI, Craig Reedie, acompanhou a discussão e, quando lhe foi dada a palavra, disse que deve se pronunciar sobre o caso depois. A agenda do congresso previa que o doping e uma fala de Reed acontecessem apenas na tarde desta terça, mas o tema acabou sendo antecipado logo no início dos trabalhos.

Por enquanto, o COI não anunciou novas medidas. A comissão especial formada ainda não deu a palavra final sobre o caso dos atletas russos que estejam aprovados pelas federações internacionais de seus esportes. A discussão desta manhã serviu para Bach e o comitê executivo ganharem respaldo na assembleia geral da entidade.