Política

Rumo à greve? Estado dá sinais que reajuste não pode ser concedido

Sem avanços, greve no Estado está ainda mais próxima

Londrina – O feriado prolongado não está sendo de descanso no Palácio das Araucárias em Curitiba nem da comissão que acompanha de perto as tentativas de negociação entre o Estado e os quase 290 mil servidores da ativa e aposentados. Apesar de nesta sexta-feira (21) o assunto não ter tomado conta das pautas públicas, uma fonte que acompanha a discussão de perto, mas que preferiu não ser identificada, afirmou que o governador Carlos Massa Ratinho Junior está preocupado com a promessa dos servidores de cruzarem os braços na próxima terça-feira (25) caso a data-base, vencida desde o mês passado, não avance nas negociações. O principal alerta vai para os quartéis da polícia, que prometem ser esvaziados no fim da tarde do dia sugerido, e dos funcionários da educação que representam o maior número dos servidores estaduais, cerca de 120 mil.

Os trabalhadores reclamam de Ratinho Junior não sentar que a classe para negociar e dizem que todos os encontros foram precedidos por representantes do Estado que não têm poder de bater o martelo.

Os servidores pedem reposição de 4,95% da data-base deste ano e outros 13% que seriam correspondentes aos reajustes de três anos anteriores, tendo em vista que os salários estão congelados neste período.

Mas uma importante sinalização feita pelo governador no feriado de Corpus Christi coloca uma pitada extra de preocupação ao tema. Em visita a Londrina o governador afirmou que o desejo é dar o aumento, “mas o problema é que o governo não tem dinheiro”. “Estamos fazendo esforços, cortando mordomias para construir um projeto que permita a daqui alguns meses ou no ano que vem, dar reajuste aos funcionários. Minha função é cuidar do equilíbrio e garantir saúde financeira ao Estado”. “Não existe a possibilidade de reajuste porque representaria quase R$ 1 bilhão a mais de gastos”.

Ratinho Junior seguiu alertando que o esforço para melhorar o Estado não deve ser só do governo, mas de toda a sociedade. “Podemos até pensar em reajuste, mas seria necessário aumentar impostos. E precisamos perguntar à sociedade se quer aumento de imposto para dar reajuste para servidor”, disse ele.

Segundo o governador, nenhum outro estado está concedendo aumento ao funcionalismo, “porque o País está em crise, com a arrecadação caindo”. Ele citou exemplos do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e das Minas Gerais que estariam parcelando os salários dos servidores e não conseguem manter em dia s aposentadorias. “Minha obrigação é não deixar o Paraná entrar nesta situação, que infelizmente acontece com outros estados e que torcemos para que superem logo.”

Outra justificativa seria o risco de ultrapassar o limite prudencial nas despesas com a folha de pagamentos que implicaria em ficar negativado, com perdas de convênios e comprometimentos de investimentos previstos.

O funcionalismo contesta as informações e alerta que o Paraná deverá aumentar sua arrecadação em 6% neste ano e que o reajuste e a reposição aos 170.287 servidores e temporários ativos e aos 116.323 aposentados e pensionistas impactaria em R$ 695 milhões e não atingiria a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Reportagem: Juliet Manfrin