Cotidiano

Reunidos para traçar estratégia, líderes da base pedem calma a aliados

Senado.jpgBRASÍLIA ? Reunidos na liderança do PSDB no Senado, líderes e senadores da base estão discutindo estratégias para a inquirição da presidente afastada Dilma Rousseff nesta segunda-feira, na penúltima sessão de julgamento do impeachment. A ordem é ?tomar maracujina? e não cair em nenhuma provocação que deixe a ré em situação de vitima. Até os mais exaltados, como o líder do Democratas na Casa, Ronaldo Caiado (G), segundo o presidente José Agripino (RN), já está ?controlado? e ciente de que não vale a pena cair em provocação. O tom será dado pela depoente, dizem os líderes, mas se ela extrapolar, a reação será no mesmo tom.

Impeachment

? Dilma vai jogar com emoção para tentar conquistar algum voto, mas esse jogo está jogado e só resta a ela a vitimologia, argumentos não existem. A ordem é distribuir maracujina para todo mundo e evitar criação de fatos novos, não mudar o curso já determinado sem cair em provocação. Caiado está sob controle. O episódio de ontem fez com que acordasse que estávamos sendo vítimas de armadilhas e alguns dos nossos estavam caindo. Ele está suficientemente advertido ? disse Agripino.

? Vamos fazer perguntas técnicas, mas quem vai dar o tom do interrogatório é a presidente afastada ? prometeu Caiado.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) também promete se segurar, para não cair em provocações.

? Eu também tenho o pavio curto. Mas já falei com o Caiado, vamos ter que ter paciência porque eles vêm aqui amanhã (segunda-feira) para fazer um show ? disse Moka.

Dilma dom.jpgO fato de o ministro Ricardo Lewandowski ter garantido a Dilma o direito de responder as inquirições sem prazo definido, sem réplica para os senadores, preocupa, mas os líderes acham que não tem mais como mudar esse rito.

? Contamos com o bom senso do ministro Lewandowski para que não permita, a cada pegunta, um novo discurso. Quem deve ter menos interesse em radicalizar é a presidente Dilma. Estamos preparados para o questionamento com absoluto respeito. Ela dará o tom. Esperamos seja a altura do momento difícil porque passa o Brasil. Não é um momento de festa. É um processo que deixará traumas. Acho adequado que ela venha e cabe a nós, como juízes, interrogá-la com absoluto respeito. Que ela responda adequadamente. Se houver exagero, será respondido na mesma forma. Será uma sessão histórica. O afastamento, se ocorrer, significa que Dilma perderá seus direitos políticos ? disse o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG)

Sobre a suposta presença do ex-presidente Lula e do cantor Chico Buarque nas galerias, os líderes da base dizem que a presença de seus convidados também será muito ?significativa?. Uma das ideias é trazer líderes dos movimentos de rua, que ficarão lado a lado com ex-ministros na galeria, separados apenas por jornalistas.

?Se Lula ou Chico vierem, é um direito deles e não nos preocupa. Vai ser muito significativa presença nossos convidados ? disse Aécio.

? Já que que decidiram que vai ser uma sessão transparente, com todos os direitos garantidos a ré, que seja o mais transparente possível ? disse o senador Moka.

Na tribuna de honra dentro do plenário, será permitida a presença de apenas cinco convidados de cada lado. Lula não poderá ficar dentro do plenário, informou a segurança da casa. Ao contrário do que acontece na Câmara dos Deputados, onde podem entrar ex-parlamentares ? sejam ex-deputados como ex-senadores ?, no Senado, só é permitida nessas seções a entrada de ex-senadores, o que não é o caso de Lula, que é ex-deputado, e de outros ministros, como Aldo Rebelo.

Entre os convidados, é esperada a presença de líderes dos principais movimentos de rua, como o ?Vem pra rua? e do Movimento Brasil Livre (MBL).