Opinião

Quando a previsão é boa

Opinião de Orlando de Souza

Há quem diga que a economia é a única ciência em que a crença afeta a previsão. Diferentemente do clima, o humor do mercado pode influenciar, mas não determinar resultados. Embora os números da economia não tenham alcançado as expectativas anunciadas no início do ano, reformas importantes foram aprovadas em 2019, e a tendência de crescimento é inequívoca.

O estudo realizado pela Hotel Invest, em parceria com o FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil), aponta que a hotelaria brasileira continua ascendendo de maneira significativa em 2020 após um período de fortes baixas de anos passados. Com previsão da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia de que o PIB cresça 2,32% no ano que vem, a 13ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira veio para justificar tamanho otimismo.

As hotelarias de Belo Horizonte, Vitória, Porto Alegre e Curitiba foram as que mais tiveram motivo para comemorar, sendo as únicas em que os três indicadores de desempenho – Taxa de Ocupação, Diária Média e RevPAR – ultrapassaram as expectativas.

Outras cidades com RevPAR positivo são o Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Quando se fala de Diária Média, o resultado foi além do imaginado apenas em São Paulo e Salvador. Ademais, ao se observar o plano geral, todos os indicadores tiveram inclinação positiva, com taxa de ocupação real 5,7% acima do esperado e a diária 4% superior às projeções.

Esperam-se 177 novos hotéis, 25.984 novas UHs e quase R$ 7 bilhões investidos. Houve um aumento de 44% no total de hotéis a serem lançados em 2020 em relação ao ano presente e de 39% no total de UHs, o que faz com que o montante investido suba 64%.

De todos esses novos estabelecimentos, os hotéis econômicos e supereconômicos representam juntos 64% de todos os novos empreendimentos, sendo metade deles de redes nacionais e metade de redes internacionais. O mercado de condo-hotéis é o que tem mais lançamentos nesse período, sendo 65% dos estabelecimentos a serem lançados nesse formato, 33% de hotéis e apenas 2% de flats. No que diz respeito à quantidade de UHs, 72% terão até 199 acomodações, enquanto 25% terão de 200 a 399 e 3% terão 400 ou mais quartos.

De todas as 25.984 UHs a serem lançadas, 75% delas estão localizadas nas Regiões Sul e Sudeste. Os estados com maior número de novas unidades por região são: Sul – Santa Catarina, com 2.048 UHs e 14 hotéis; Sudeste – São Paulo, com 8.696 UHs e 55 hotéis; Nordeste – Alagoas, com 1.069 UHs e 6 hotéis; Centro Oeste – Goiás, com 901 UHs e 6 hotéis; Norte – Amazonas, com 464 UHs e 3 hotéis. No total, apenas 34% de novas unidades estão localizadas nas capitais e 66% se encontram em cidades do interior ou de regiões metropolitanas.

A medida provisória do turismo com validade de 120 dias a partir de 26 de novembro também trará fôlego aos hoteleiros, uma vez que suspende a cobrança da taxa do Ecad em apartamentos. A alta do dólar e a facilidade de vistos em mercados estratégicos, além da mudança de status da Embratur poderá influenciar positivamente o aumento de turistas no Brasil.

Cautela é sempre bom, mas otimismo é essencial para o próximo ano.

 

Orlando de Souza é presidente executivo do FOHB