Opinião

OPINIÃO: China e EUA, uma trégua na guerra comercial

Durante um jantar com o presidente da China, Xi Jinping, dia 1º de dezembro, em Buenos Aires, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou uma trégua na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.

A temperatura entre as duas maiores economias do mundo vinha elevada nos últimos meses depois de Trump iniciar um combate aos produtos "made in China" nos Estados Unidos, uma bandeira da sua campanha presidencial. Desde março ele começou a colocar em prática sua política América First (América Primeiro), que tem entre os objetivos fortalecer a indústria norte-americana, desvalorizando o produto importado.

O gatilho da polêmica foi quando os Estados Unidos declararam tarifas de 25% sobre a importação de aço e 10% sobre o alumínio de diversos países. A ação que mirava a China virou um embate global generalizado e países como Brasil, União Europeia, México e Canadá foram retirados temporariamente da lista.

Depois disso, Trump começou uma política de sanções comerciais direcionadas exclusivamente contra a China. O último anúncio foi de que pretende impor mais de US$ 100 bilhões em tarifas sobre produtos chineses, além dos US$ 50 bilhões que já haviam sido anunciados. A medida é uma resposta à decisão da China de retaliar o país e cobrar taxas sobre vários produtos dos Estados Unidos, como soja e automóveis.

A decisão de trégua na guerra comercial por 90 dias partiu depois de as sanções gerarem efeitos negativos para os dois lados, além de afetar a economia de outros países em nível mundial. Isto porque as cadeias de produção e consumo, como bem sabemos, são completamente interligadas.

Além disso, a guerra comercial, com medidas protecionistas adotadas pelas duas maiores nações globais do mundo, é um passo atrás no movimento da globalização, podendo gerar uma profunda recessão econômica mundial.

É importante lembrar que o crash da bolsa de Nova York, em 1929, levou os países fragilizados a fecharem suas economias, adotando uma política de guerra comercial, tendo sido este um dos fatores que desencadeou a Segunda Guerra Mundial. Este foi um exemplo drástico e fatal de como o acirramento de uma guerra pode se iniciar pelas relações comerciais.

Apesar da trégua, lideranças mundiais estão exigindo uma solução definitiva. O Ministério do Comércio chinês prometeu “implementar imediatamente” o acordo proposto por Trump, afirmando que o governo da China vai começar o processo com produtos agrícolas, de energia e automóveis.

Mas o que de fato temos que ficar de olho é a solução posterior entre os dois países que envolvem questões de propriedade intelectual, cooperação tecnológica, acesso a mercados, balança comercial, entre os outros assuntos, a serem discutidas nos próximos 90 dias. Acompanhemos de perto!

Espero que daqui a três meses, ao sabor de um bom vinho argentino, durante o jantar entre os dois chefes de Estado, que os ânimos sejam reanimados. Que prepondere a reflexão dessas nações de enorme peso para a economia mundial, no sentido de acordarem uma solução que beneficie às relações comerciais com visão global, ao seu equilíbrio, em busca da boa convivência mundial. Será um excelente ano de 2019 se agirem com a razão, com a boa reflexão e não com a emoção. Torçamos por esse desfecho – o planeta Terra merece!

Uranio Bonoldi consultor, palestrante e oferece aconselhamento personalizado para empresários e executivos – www.uraniobonoldi.com.br

Será um excelente ano de 2019 se agirem com a razão, com a boa reflexão e não com a emoção