Opinião

Onde estão nossas crianças?

Por Carla Hachmann

Mais de 175 milhões de crianças, mais ou menos metade dos meninos e das meninas que deveriam estar na educação infantil no mundo, não estão matriculadas, aumentando o abismo social que as separa de uma vida digna. O alerta é do Unicef. Nos países de baixa renda, o quadro é muito mais sombrio, com apenas uma em cada cinco crianças pequenas matriculada na educação infantil.

A World Ready to Learn: Prioritizing quality early childhood education (Um mundo pronto para aprender: Priorizando a educação infantil de qualidade) – o primeiro relatório global sobre educação infantil na história do Unicef – revela que as crianças matriculadas em pelo menos um ano da educação infantil têm maior probabilidade de desenvolver as habilidades essenciais necessárias para ter sucesso na escola, estão menos propensas à repetência ou ao abandono escolar e, portanto, serão mais capazes de contribuir para sociedades e economias pacíficas e prósperas quando atingirem a idade adulta.

Isso sem contar que, na escola, têm mais chance de ficarem longe do crime.

Claro que a situação se agrava nos países mais miseráveis e onde há conflitos, mas a realidade também bate à nossa parte.

Não precisamos ir longe de casa para vermos que há, sim, crianças fora da escola aqui mesmo, apesar de os pais estarem sob o risco de serem responsabilizados criminalmente.

São famílias que ainda vivem abaixo das políticas públicas, que se preocupam apenas com sobreviver a mais um dia, e ir à escola não chega a ser uma prioridade.