Política

Odebrecht fraudou provas contra Temer, diz advogado

Brasília – Em depoimento por videoconferência à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da JBS ontem, o ex-consultor do Grupo Odebrecht Rodrigo Tacla Duran disse que documentos apresentados nas acusações que resultaram na segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, foram fraudados pela Odebrecht.

Duran afirmou que uma perícia feita a pedido dele por profissionais juramentados na Espanha mostra que o sistema Droysus – utilizado pela empreiteira para pagar propina – foi manipulado e que, por isso, as provas estariam viciadas.

O advogado explicou que o sistema foi bloqueado pela Operação Lava Jato em 2016 e que as provas juntadas teriam data de 2017, quando o sistema não estava mais funcionando. As mesmas provas, segundo ele, também foram apresentadas no inquérito contra o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. "Todas as provas que foram obtidas ou utilizadas a partir do Drousys padecem de vício, são nulas pela movimentação, alteração e manipulações externas antes, durante e depois do bloqueio realizado pelas autoridades suíças", declarou.

Acusações

Rodrigo Tacla Duran mora na Espanha e foi convidado a prestar esclarecimentos à comissão depois de acusar o advogado Carlos Zucolotto Júnior – amigo do juiz Sérgio Moro – de oferecer facilidades junto à força-tarefa da Operação Lava Jato para um acordo de delação premiada. "Eu não aceitei porque me senti constrangido", disse o advogado, acrescentando que, no acordo, ele teria de assumir crimes que não teria cometido.

Zucolotto teria pedido, por fora, US$ 5 milhões, e, em troca, reduziria a multa do acordo de delação, que não chegou a ser fechado. Ainda segundo o depoente, as mensagens entre ele e o advogado do Paraná teriam sido trocadas pelo aplicativo Wickr, plataforma que destrói automaticamente as mensagens depois de pouco tempo. Na tentativa de comprovar a veracidade da conversa, Duran fotografou os diálogos e enviou as imagens à comissão.

Tacla Duran revelou ter recebido um conselho de um consultor da UTC para que contratasse um advogado "da panela de Curitiba" para que seu acordo fosse bem-sucedido. Aos parlamentares, ele disse ainda ter interpretado esse termo como um advogado com "bom trânsito e bom acesso à força-tarefa". Foi então que ele buscou Zucolotto para tentar firmar o acordo, e posteriormente o advogado Marlus Arns, para quem chegou a pagar honorários de US$ 1,5 milhão, além dos impostos.

Duran foi preso em novembro de 2016 a mando do juiz Sérgio Moro, mas foi solto em janeiro deste ano.