Opinião

O custo de tapar o sol com a peneira

Leia o Editorial deste fim de semana

A falta de estrutura de importantes organismos públicos vai sendo levada governo após governo, mesmo que as promessas sejam feitas. Apenas para citar como exemplo, o efetivo da Polícia Militar do Paraná é o mesmo da década de 1980. Isso mesmo, quase 40 anos de defasagem.

E isso se repete nas esferas municipal e federal muitas vezes com o mesmo absurdo.

Quando o gestor se depara com o cenário real percebe que muito do que prometera na campanha não dará para ser feito e pouco, ou quase nada consegue avançar. No máximo, apaga alguns focos de incêndio.

Mas o custo da prática de viver tapando o sol com a peneira vem, e é alto. Infelizmente, em alguns setores representa vidas.

Seja por falta de médicos nas unidades de saúde, ou de policiais nas ruas, quem paga o preço é a população.

Caso mais recente e que parece sem explicação é o da jovem Daniela, agredida pelo marido até seu último suspiro. Seus vizinhos tentaram ajudar. Chamaram a polícia oito vezes. Oito vezes! Mas as viaturas estavam em outros atendimentos e não chegaram a tempo.

A explicação, por enquanto, é de que faltou estrutura para atender a ocorrência. Poderia ter sido só mais uma surra. Era um homicídio.

O governador Ratinho tenta agora pôr em prática uma das promessas que lhe ajudaram a ser eleito. Ele garantiu que haveria um policial em cada portão de escola. Ontem, anunciou o projeto-piloto. Sem efetivo, vai chamar os policiais que não estão mais na ativa. É o que dá para fazer com o dinheiro disponível. Talvez um dia sobre para reforçar as equipes da Patrulha Escolar, sem precisar tapar sol algum.

Por Carla Hachmann