Cotidiano

Novo edital atrai 200 candidatos

Ao todo, estavam disponíveis 120 vagas

Curitiba – A novela do projeto-piloto do governo do Estado para reforçar a segurança nas escolas parece que agora pode avançar. O primeiro edital oferecia R$ 113 por dia de trabalho a policiais militares da reserva para que atuassem nas escolas em Foz do Iguaçu e Londrina. O valor não agradou e, com três inscritos e só um deles considerado apto, o governo suspendeu o edital. Ao todo, estavam disponíveis 120 vagas.

Diante da situação, o governo se obrigou a lançar um novo edital. Além da ampliação do número de vagas para 200, a Região Metropolitana de Curitiba foi incluída no processo. Mas a principal mudança foi em relação à remuneração, que agora é de R$ 3 mil para soldado, R$ 3,3 mil para cabo, R$ 3.564 para 3º sargento e R$ 3.813 para 2º sargento.

De acordo com números repassados pela Amai (Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares Ativos, Inativos e Pensionistas), pouco mais de 200 policiais se inscreveram. As inscrições terminaram no dia 12 de abril. Os inscritos ainda não passaram por avaliação e a Amai acredita que o número de aptos a participar do projeto deve cair pelo menos pela metade.

Insegurança

O objetivo do projeto – que deve ser instalado de forma experimental por cinco meses em escolas de Foz do Iguaçu, Londrina e Região Metropolitana de Curitiba – é fazer com que a presença de policiais sirva para evitar a violência e reforçar a proteção de alunos, pais e funcionários.

Mas o que para a Amai não fica claro é a questão da segurança do policial. “Muitos nos procuraram pedindo conselhos sobre o programa, se vale ou não arriscar, já que são PMs que estão afastados do trabalho e a maioria justamente por questões psicológicas. Orientamos avaliar bem os prós e os contras porque o policial vai estar fardado, então, mesmo que seja contratado para ficar na escola, ele tem a obrigação de agir em qualquer situação que apareça, seja confronto ou algo nesse sentido, pois a farda impõe isso. Sem contar que o ambiente escolar pode não ser tão agradável quanto parece. Ele vai ser visto ali como opressor pelos alunos, não tem como prever como será essa convivência. Então qual a segurança que esse policial vai ter? Quais seus direitos? Isso não está claro”, afirma o diretor de assuntos da Classe da Amai, subtenente Davi Rodrigues D’Almeida.

Ele cita ainda que a possibilidade de equipar os PMs com uma moto para realizar rondas na região das escolas também está contemplada no projeto. “Essa questão da moto só dificulta ainda mais porque o policial vai estar na rua e sozinho. E se ele for perseguido, por exemplo? Não se prevê isso. Ele precisa estar preparado para enfrentar o ambienta escolar e externo também, até onde isso vale a pena para alguém que já está afastado da profissão?”, questiona D’Almeida.

Termômetro

O projeto-piloto terá a duração de cinco meses ao fim deste prazo, o governo pretende expandi-lo para outras cidades. O investimento inicial nesta etapa será de R$ 5 milhões, utilizados para o pagamento das diárias dos policiais e compra de armas, coletes e demais equipamentos de segurança. “É cedo para dizer se vai ou não funcionar. O número de interessados já demonstra que talvez tenha que ser repensado. Mas vamos aguardar entrar em funcionamento, esse piloto vai servir como termômetro pra ver se o Estado está no caminho certo. O que não podemos esperar é o PM na escola vai resolver um problema de violência que muitas vezes nasce no seio familiar e está presente em toda a sociedade”, complementa o diretor.