Política

Marcadas para morrer, vereadora e líder sindical pedem ajuda à Câmara

Ameaças teriam vindo de colegas do Legislativo, motivadas por interesses políticos

Foto: Divulgação
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Vereadora e sindicalista estão juradas de morte

Toledo – Após meses de sofrimento calada, a vereadora toledana Marli Gonçalves (PCdoB) resolveu ontem (27), em um ato de coragem com tom de desabafo e desespero, usar a tribuna da Câmara Municipal de Vereadores, durante sessão ordinária, para denunciar que está sendo ameaça de morte.

Conhecida em Toledo como Marli do Esporte, a parlamentar afirmou que a situação vem se arrastando há quase três meses e, além dela, há pelo menos outra pessoa marcada para morrer. Trata-se da líder sindical, a secretária-geral do Sertoledo (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Toledo), Marlene da Silva.

As graves denúncias vieram acrescidas de mais uma informação bastante preocupante. As intimidações teriam partido de um colega do Legislativo e contaram com o conhecimento de outro vereador que em momento algum denunciou o caso para as autoridades. Foram as vítimas que levaram o caso ao Ministério Público e agora pediram providências da presidência da Câmara.

Um dos motivos seriam as condições políticas, ligadas à atuação de ambas, que conflitariam com os interesses políticos do principal suspeito, que seria um vereador. O nome dele não foi citado no depoimento.

Durante o discurso de Marli, o vereador Albino Corazza Neto pediu a palavra e exigiu providências para a presidência do Legislativo. Disse que também já procurou o Gaeco porque se sente ameaçado e impedido de exercer seu mandato em plenitude.

O vereador Genivaldo Paes, que é policial civil, colocou a instituição à disposição da vereadora, revelando-lhe solidariedade e apoio e também cobrou providências sobre o caso.

Ministério Público

O advogado – que é tesoureiro do PCdoB e que acompanha a situação – Charles Schneider disse ao Jornal O Paraná que recebeu um posicionamento nessa segunda-feira (27) do MP sobre o andamento das investigações. A princípio, o MP não identificou formação de uma quadrilha com o intuito de assassiná-las em função da ocupação dos referidos cargos. Para chegar a essa conclusão, foi analisada uma gravação em que um dos suspeitos conta para uma das vítimas que estavam articulando os assassinatos. “Vamos analisar novamente essa gravação para tomar as medidas necessárias, registrar o boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil e, se houve quebra do decoro, entraremos com o pedido de cassação do mandato dos dois vereadores na Câmara, Faremos essa reavaliação do áudio e teremos novidades ainda nesta semana”, garantiu o advogado, que também não revelou o nome dos suspeitos.

Terceiro envolvido seria líder político

A possível articulação das mortes envolveria ainda uma terceira pessoa, que não tem cargo eletivo mas que integraria postos de liderança de um partido político de Toledo. “E mais uma situação bastante grave nas ameaças é que um dos possíveis nomes envolvidos [não de vereadores, mas de um terceiro] seria um policial militar”, completou o advogado Charles Schneider.

A vereadora Marli do Esporte reforçou ontem que as diferenças políticas precisam ser debatidas e que nem em Toledo nem no Brasil há mais espaço para esse tipo de ameaça e intimidação. Ela também pediu providências ao Legislativo municipal: “Meu caminho é de denúncia e vou fazê-las de todas as formas, aproxime-se de quem se aproximar e doa a quem doer”, alertou a vereadora.

O presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Sérgio de Freitas, o Zoio, disse à reportagem que só ficou sabendo das ameaças durante a sessão de ontem e que hoje mesmo dará início à tramitação para tomar todas as medidas necessárias para a apuração do caso.

Reportagem: Juliet Manfrin

Assista ao vídeo da sessão da Câmara de Vereadores de segunda-feira: