Opinião

Governo e família não podem se misturar

Em um mês e meio o Governo Bolsonaro parece ainda estar em campanha eleitoral. Agora, se vê em meio a disputa interna em seu campo político, tiroteio de fogo amigo, com direito a narração em tempo real via Twitter, que virou o meio de comunicação oficial do Planalto.

Claro que toda equipe tem contratempos e ninguém espera um governo homogêneo. Mas algumas divergências pessoais, picuinhas disparadas publicamente e ataques virtuais não parecem coisas de um governo.

Mais da metade dos eleitores deu a Jair Bolsonaro a missão de ser presidente do Brasil. Não a seus filhos, nem seus vizinhos, tampouco seu papagaio. No máximo, a chancela deve se estender a seu vice, General Mourão, e aos seus ministros, cuja escolha foi conferida ao próprio presidente.

O principal discurso na campanha foi o combate à corrupção e tolerância zero a condutas impróprias. Até agora, os casos levantados pela imprensa têm sido tratados como “oposição” ou tentativa de atacar o presidente. Nada levado no tom de seriedade que fora prometido e que exigem.

Tudo o que o País não precisa agora é de lavação de roupa suja publicamente, com diretas e ataques postados em redes sociais como se fosse uma briga de adolescentes. Bolsonaro continua com a caneta na mão, e cabe a ele decidir rapidamente. Qualquer instabilidade neste momento pode desandar o clima conquistado para serem aprovadas as reformas necessárias.

Está na hora de Bolsonaro estabelecer limites claros entre os assuntos de pai e de presidente.

Seus filhos que sigam o caminho deles e atuem dentro da esfera que seus eleitores lhes conferiram. E que deixem o pai voltar a ser presidente.