Opinião

EDITORIAL: Estamos vivendo mais, e agora?

Imagine que há quase 80 anos, as pessoas nasciam com expectativa de morrer aos 45,5 anos. Menos ainda para quem era homem: 42,9 anos. Hoje, é comum pessoas dessa faixa etária iniciarem um novo casamento, trocarem de profissão, mudarem até de país para “recomeçar a vida”. E com razão, a expectativa de vida hoje chega aos 75,8 anos, e, se for mulher, ainda mais: 79,6 anos.

Esses 30 anos que “ganhamos” desde 1940 se devem à redução da mortalidade, aos avanços da medicina e ao próprio desenvolvimento social.

O envelhecimento da população brasileira não é novidade, mas a dúvida ainda resiste: e agora?

Os dados divulgados ontem pelo IBGE são a referência do regime de previdência social e usados para calcular o fator previdenciário. E é na própria previdência um dos maiores gargalos para esse aumento na expectativa de vida. Com isso, mais tempo para pagar as aposentadorias e agravar o rombo do sistema.

A taxa está muito próxima dos países desenvolvidos, hoje em 83 anos.

No entanto, essa curta distância se traduz em um abismo quando avaliadas as condições entre essas nações.

O Brasil tem muito a evoluir para atender a todo esse público. Isso porque, se estamos vivendo mais, significa mais gente ativa e mais atendimento de saúde e de outros serviços públicos, que hoje não dão conta da demanda.

É ótimo viver mais e tal, mas é preciso pensar na qualidade de vida de todo esse povo. E, ao contrário do aumento revelado pelo estudo, nesse caso não há tempo a perder.