Opinião

Dois “paranás” jogados no ralo

Por Carla Hachmann

Além da corrupção que esvazia os cofres públicos, um outro problema ainda é latente: a má gestão pública. Roubar é péssimo, mas há outras formas de desperdiçar o dinheiro que deveria ser aplicado em benefício da população.

Estudo publicado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) coloca o Brasil e o Paraguai empatados no ranking dos países com os piores gastos públicos.

Para se ter uma ideia, ambos desperdiçam 3,9% dos seus respectivos PIBs em licitações malfeitas, corrupção (é claro!), subsídios e ajudas sociais que não chegam a quem precisa. O relatório cita ainda o exagero de gastos com funcionalismo público, sempre no limite do limite da lei, quando não acima.

Estamos ruins? Tem piores! A média da América Latina e Caribe em mau uso de recursos públicos é de 4,4% do PIB, com destaque para a líder, Argentina, onde o desperdício é de 7,2% do seu PIB. Não é à toa que está mergulhada numa crise que não parece ter solução.

Na outra ponta está o Chile, com desperdício de 1,8%, seguido pelo Peru (2,5%).

O total de dinheiro mal aplicado (ou desviado) na América Latina é de US$ 220 bilhões, o que representa o PIB anual de dois Paranás jogados no ralo. Dá para imaginar o quanto poderia ser feito se esse dinheiro fosse bem aplicado? O BID fez a conta: a cifra é suficiente para acabar com a extrema pobreza de toda a América Latina.

Sem dúvida, uma conta que não fecha. Afinal, quem, em sã consciência, desperdiça dinheiro que pode salvar vidas e ainda melhorá-las? E se tratam de gestores públicos, eleitos com esse único propósito.