Opinião

Das comemorações às tragédias

Por Carla Hachmann

Época de fim de ano é sempre complicada. Parece que as notícias sobre tragédia brotam. Especialmente quando o assunto é trânsito. Claro que o aumento substancial do fluxo de veículos nas rodovias faz com que cresça a probabilidade de colisões, mas a maioria (se não todas) poderia ser evitada. E em vez de festa e comemorações, as famílias choram e vivem o luto.

Os primeiros dias de operação das polícias rodoviárias já alertam para o problema. O número de mortes é 400% maior que o registrado ano passado. São famílias destruídas, abatidas pela dor da perda. Além daquelas dezenas que passam dias, ou semanas no hospital para se recuperar dos ferimentos, que talvez deixem marcas para o resto da vida.

A época é de festas, mas os abusos levam às tragédias. A própria Polícia Rodoviária Federal atesta: o problema é que muitos motoristas não respeitam as leis de trânsito. Excedem na velocidade, forçam ultrapassagens, e nem o mais simples, usar o cinto de segurança, consegue se adequar.

Oxalá se fossem apenas os infratores. Aqueles que abusam, exageram, não conseguem obedecer às regras. Mas, na maioria das vezes, inocentes também têm a vida interrompida bruscamente por estarem passando por ali.

O que mais impressiona é que não é difícil entender. Muitos motoristas estão com seu veículo carregado daqueles que mais amam na vida, as pessoas que lhe são mais preciosas.

Um dia, uma moça reclamou com seu pai: “Pai, não entendo por que você dirige tão devagar”. E ele lhe respondeu: “Porque, quando você está no carro, eu estou transportando meu maior tesouro”. A vida é preciosa!