Esportes

Copa do Mundo feminina eleva o interesse das meninas no esporte

Preconceito e falta de investimento, no entanto, são as principais barreiras

Copa do Mundo feminina eleva o interesse das meninas no esporte

Quando falamos sobre representatividade, o tema pode ser aplicado a diferentes áreas. No Brasil, por exemplo, onde a diversidade cultural é uma característica marcante, a questão da representatividade importa, e muito. Um exemplo atual desse cenário foi recente a Copa do Mundo feminina de futebol, realizada entre os dias 7 de junho e 7 de julho, na França. Em nenhum outro momento da história uma competição feminina recebeu repercussão tão intensa até então, ampliando as discussões sobre a representatividade feminina no esporte.

Um estudo recente, considerando as conversas nas mídias sociais, apontou um total de 66 mil menções sobre o futebol feminino, desde o início do campeonato até o dia seguinte ao último jogo da seleção. O Twitter foi a mídia social que mais gerou conteúdo sobre a Copa do Mundo feminina, contabilizando 74% das conversas sobre o tema.

Também, pela primeira vez, a Rede Globo, uma das mais famosas emissora de televisão no Brasil, transmitiu todos os jogos da seleção brasileira na Copa. E, diante dessa realidade, com maior visibilidade, uma nova geração de meninas passa a se interessar pelo tema. As próprias estrelas da seleção contribuem muito para este índice. Marta, Formiga e Cristiane incentivam e inspiram milhões de crianças e jovens mulheres em todo o mundo a seguirem o sonho de serem jogadoras profissionais.

Ainda que a seleção não tenha conquistado o título neste ano, o desempenho individual dessas jogadoras impressiona. Marta é, simplesmente, a melhor jogadora do mundo, e na competição deste ano se tornou a maior goleadora das Copas. Cristiane está a poucos gols de chegar à marca de Pelé na artilharia da seleção. E Formiga é a jogadora que mais disputou Copas em toda a história da competição. Todas elas brasileiras.

Falta de investimento e preconceito

Apesar dos bons índices deste ano, a realidade do futebol feminino no Brasil é diferente da realidade norte-americana, por exemplo. Enquanto aqui meninas de todas as idade lutam por reconhecimento e patrocínio, nos EUA os tênis Adidas infantil para os primeiros chutes  são presentes comuns entre a garotada.

Apenas para se ter uma ideia, a seleção de futebol feminino dos Estados Unidos é a equipe formada pelas melhores atletas que representam o país nas competições internacionais, ou seja, elas são treinadas, acompanhadas e selecionadas desde cedo.

A história do futebol feminino brasileiro é longa, mas cercada por injustiças e preconceito. Em 1941, o esporte chegou a ser proibido para as mulheres no país. O presidente Getúlio Vargas assinou o Decreto-Lei 3.199, que trazia no artigo 54 a seguinte proibição: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza…” O futebol era um deles. Somente em 1979 essa lei foi revogada.

Segundo a secretária geral da Fifa, Fatma Samoura, o futebol feminino nada mais é do que puro futebol. “Isso não é mais só sobre o futebol feminino. Isso é sobre nós, mulheres, deixarmos uma pegada. Nós contamos com o apoio de vocês para mudar a mentalidade, para que no futuro o futebol feminino seja simplesmente conhecido como futebol”.

O desafio do reconhecimento e da representatividade prática é grande. Mas, como é possível observar, algumas barreiras já estão sendo ultrapassadas. Agora, o próximo passo é, sem dúvidas, dedicar mais atenção, espaço, investimento, acompanhamento, patrocínio e empatia às próximas Martas, Cristianes e Formigas que estão espalhadas pelas escolas, quadras, campos e periferias do Brasil.