Agronegócio

Compra de fertilizantes triplica, com maior volume em três anos

O volume é 30% maior que o registrado em 2018

Compra de fertilizantes triplica, com maior volume em três anos

Cascavel – As importações regionais, que vinham em processo decrescente desde 2017, alcançaram no acumulado do trimestre um volume 30% maior que o registrado em 2018, chegando a US$ 125,8 milhões contra US$ 97 milhões no período anterior. Esse aumento na aquisição feita pelo oeste em outros países se deu basicamente pelo avanço na compra de fertilizantes, que triplicou neste ano em comparação com o mesmo período no ano passado.

Para o presidente do Sindicato das Cooperativas Agrícolas, Agropecuárias e Agroindustriais da Região Oeste do  Paraná, e diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, a aquisição se justifica pela confiança sendo retomada pelo mercado.

Sozinhos, os fertilizantes responderam por US$ 17,5 milhões das importações regionais, contra US$ 4,4 milhões no ano passado. O maior volume adquirido foi por Cascavel, com US$ 17,3 milhões. “A explicação é que em Cascavel estão as duas fábricas do oeste e do sudoeste do Estado que fazem o processamento desses fertilizantes. Isso é extremamente positivo. A compra de mais fertilizantes para o processamento indica que as lavouras terão mais desses produtos que garantem mais produtividade e mais produção”, explica.

Para Dilvo, a tendência é para que as importações de modo geral sigam em elevação neste ano. “Isso representa mais confiança no mercado. As compras ocorrem porque os investidores enxergam mais possibilidades de negócios e veem um ambiente mais favorável para eles com abertura de novos mercados. É importante acrescentar ainda que nos últimos 20 anos temos mantido crescimento na produtividade. Até dez anos atrás, o crescimento era de 1,5%, e de dez anos para cá chegamos a 2,5% e deveremos manter esse avanço nos próximos anos graças ao aumento de tecnologia no campo, desde a compra das sementes, uso de fertilizantes, enfim, todo o processo”, reforçou.


Na contramão do cenário nacional

Em uma condição atípica de mercado, Toledo não havia exportado um único grão de soja de janeiro a março de 2018. Neste ano, o cenário mudou. O complexo representa, no período, mais de US$ 50 milhões nas exportações locais, segundo dados da Balança Comercial divulgados nesta semana referentes ao primeiro trimestre do ano.

Essa retomada foi essencial para que todo o oeste registrasse avanço de 26% nas vendas externas, na contramão do cenário nacional. De janeiro a março, o Brasil teve o menor volume financeiro de exportações do último triênio. Já no oeste, foram exportados US$ 414,6 milhões contra US$ 328,8 milhões em 2018.

Mas a liderança nas exportações regionais segue com o complexo carne. Todos os municípios com grande volume de exportações avícolas, que respondem por cerca de 70% da pauta regional de transações internacionais – Cascavel, Palotina, Cafelândia e Medianeira -, registraram avanço nas negociações no trimestre. “A venda de carnes ocorre em um setor bastante estruturado da região, principalmente pelas cooperativas, que sentiram pouco ou quase nada os efeitos da [operação] Carne Fraca e esse avanço promete se manter também em outras frentes”, afirma o agrônomo e coordenador do curso de Agropecuária no Colégio Agrícola Estadual de Toledo, José Augusto de Souza.

Conhecedor e pesquisador da pauta de exportações e importações regionais, Souza vai além: “Temos muito a crescer neste ano na venda de carnes, sobretudo para a China. Relatos dão conta que aquele país teve de abater até 35% de suas matrizes, o que representa algo em torno de 40% de seu plantel, por conta da peste suína. Isso significa que a China vai precisar de muita carne suína, e não só dos Estados Unidos, de quem passou a comprar há alguns dias, mas da carne produzida na nossa região e no mundo. O consumo por lá é imenso e certamente terá mercado para todos”, avalia.

Segundo o diretor da Frimesa, Elias Zydek, o cenário da suinocultura regional é mesmo muito favorável para curto e médio prazos. “A China vai precisar de muita carne suína por pelo menos cinco anos. Essa indicação de demanda já fez com que a carne se valorizasse. Somente nas duas últimas semanas houve 20% de aumento. Certamente, o nosso mercado será requisitado”, destacou.

Dessa forma, a expectativa é para que, além da avicultura, a suinocultura alcance espaços importantes para o crescimento nas exportações nos próximos meses.

Quanto ao crescimento das importações, José Augusto de Souza lembra de outro aspecto a ser analisado entre os períodos, como a cotação do dólar perante o real. “No início do ano passado o dólar estava na casa dos R$ 3,20, neste ano, ele supera os R$ 3,90 e já passou de R$ 4. Isso é muito importante para as exportações, porque torna nosso produto mais competitivo lá fora. Por outro lado, deixa as nossas importações mais caras também”, explica.


Suinocultura promete ocupar espaço importante no cenário internacional

Foto: Aílton Santos
Suinocultura promete ocupar espaço importante no cenário internacional

Saldo da balança

O crescimento das importações e das exportações garantiu o melhor saldo da história para a balança comercial regional. O oeste tem em caixa US$ 288,5 milhões. No mesmo período de 2018 o saldo era de US$ 231,7 milhões, crescimento de 24,5%.

Para os especialistas consultados pela reportagem, a região promete fechar o ano com condições recordes do superávit da balança.

Reportagem: Juliet Manfrin