Política

Coluna Contraponto do dia 26 de abril de 2018

Delação do fim do mundo

Ao deixar o presídio de Pinhais em direção à sede da Policia Federal, o ex-diretor do DER Nelson Leal Jr já estaria falando na condição de delator premiado. É uma péssima notícia para a família Richa, mais precisamente para o irmão do ex-governador, Pepe Richa, ex-secretário da Infraestrutura, que foi chefe de Leal Jr. até a exoneração dele, quando o juiz Sérgio Moro decretou sua prisão preventiva após as investigações do Ministério Público Federal que o indiciaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mesmo que o ex-diretor do DER tenha agido totalmente por conta própria, concedendo aditivos milionários de contratos a concessionárias de pedágio, empreiteiras e prestadores de serviços na manutenção de estradas, ainda assim Pepe Richa pode ser responsabilizado por omissão. Seria o menor dos pecados.

Herança do Ricardão

Duas semanas depois de tomar posse, a governadora Cida Borghetti ainda não confirma o nome do novo secretário da Fazenda. Três convites para três diferentes pessoas foram feitos. Duas recusaram de pronto; um terceiro sondado só aceita assumir o cargo depois de conhecer a realidade financeira do Estado em geral e administrativa da Secretaria da Fazenda em particular.

Caixa preta?

É compreensível: à governadora ainda não foi possível desvendar totalmente um mistério de que tomou conhecimento assim que assumiu – por que ela estava recebendo tanta reclamação de atraso nos pagamentos a fornecedores se, conforme se propagandeava, o caixa do governo estava nadando em dinheiro?

Bagunça I

Parte do mistério já foi desfeito: descobriu-se bagunça generalizada nos sistemas de controle de receitas e despesas do Estado a partir da decisão do ex-secretário Mauro Ricardo Costa de colocar em funcionamento um novo software para desempenhar essas tarefas, sem esperar o tempo e as condições técnicas necessárias para fazer a migração entre o antigo programa e o novo. Os dois sistemas “não se conversam”.

Bagunça II

Outra parte do mistério, sob investigação, diz respeito aos motivos que levaram a Secretaria da Fazenda a adquirir, por muitos milhões de reais (fala-se em R$ 30 milhões), um novo programa quando o anterior, segundo técnicos da área ouvidos pelo Contraponto, funcionava muito bem, com segurança, rapidez e consistência.

Bagunça III

Mas o fato grave é que, por dispor de dois sistemas que não se “conversam”, pagamento de contas com fornecedores, repasses de convênios e milhares de outras operações rotineiras estão parados ou gerando resultados estapafúrdios. Há milhares de prestadores de serviços ao governo assim como prefeitos à espera de recursos que lhes foram prometidos, que não conseguem receber seus créditos.

Na unha

É impossível saber para quem, quantos são e a quanto montam as dívidas do estado. A solução encontrada é fazer tudo “à unha”. Cida Borghetti determinou a criação de uma força-tarefa para levantar a lápis toda a situação e devolver todos os dados ao velho software, para, só depois, com tempo e com mais acurada técnica, fazer gradativamente a migração dos dados para o novo. Se é que isso se demonstre realmente necessário.

Pedra sobre pedra

A governadora-candidata Cida Borghetti e a família Barros estão se comportando no governo do Paraná com a volúpia dos afobados. Não deixam pedra sobre pedra. Arrumaram até um japonês para ocupar a pasta da Agricultura, George Hiraiwa e uma celebridade para o Museu Niemeyer, Ilana Lerner, filha do arquiteto. Mais um pouco nessa maratona e a família Barros vai conseguir o que nem a APP-Sindicato previa nos seus maiores sonhos: ninguém vai lembrar que Beto Richa passou, um dia, pelo Palácio Iguaçu.