Política

Coluna Contraponto 14 de setembro de 2018

Pergunta que não cala: Beto manterá candidatura?

Candidato a senador pelo PSDB, Beto Richa é réu em alguns processos, está sendo investigado em outros e, agora, está preso. Não foi condenado em nenhuma ação penal em segunda instância e, portanto, sua situação não se assemelha à de Lula, por exemplo, declarado inelegível pela Justiça Eleitoral. Portanto, nada impede legalmente Richa de manter a candidatura. A questão se resume apenas à conveniência político-eleitoral. Ainda que se abram as portas do “Coronel Dulcídio” neste sábado, quando termina o prazo da prisão temporária que foi decretada contra ele, Beto se arriscaria a manter o registro e voltar à campanha?

Desconfortável

A governadora Cida Borghetti, cabeça da chapa em que a candidatura de Richa está inscrita para o Senado, já afirmou que ter a companhia dele se tornou uma situação “desconfortável” – assim, certamente, será também desconfortável para prefeitos, cabos eleitorais e simpatizantes que tinha espalhados por todo o estado. A constrangedora situação deve ser decidida com rapidez. Faltam apenas 25 dias para a eleição de 7 de outubro.

Entregue

O empresário Edson Casagrande, apontado pela Operação Radiopatrulha como um dos envolvidos no esquema de propinas do programa Patrulha do Campo, apresentou-se ontem ao Gaeco para cumprir a prisão temporária determinada pelo juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Fischer.

Falta um

Dentre os 15 citados no inquérito do MP sobre os quais foi decretada prisão provisória, só não foi cumprida até agora a do empresário Joel Malucelli, que se encontra em viagem na Itália.

Família unida

O primeiro-irmão, Pepe Richa, também foi transferido do Complexo Médico Penal de Pinhais para o Regimento “Coronel Dulcídio”, unidade da cavalaria da Polícia Militar no Bairro do Tarumã. A transferência une a família Richa no mesmo lugar e lá devem permanecer pelo menos até sábado.

História se repete I

A vida prega peças. Não fosse pela triste tragédia que se abate sobre a família Richa, o caso poderia ser tratado com ironia. Mas alguns registros do passado voltam à tona para remeter ao presente imediato.

História se repete II

Trecho da delação prestada pelo ex-diretor da Educação Maurício Fanini que, diante dos boatos de que poderia ser preso a qualquer momento, correu para a casa do chefe Beto Richa para pedir socorro. Beto disse que pouco poderia fazer para reverter a situação. Fanini tinha antes recebido algumas palavras de consolo do advogado que Richa lhe arranjara. Segundo o advogado, ele não seria levado para Pinhais mas para o Regimento Coronel Dulcídio, sem algemas, e lá não ficaria mais do que dois dias.

Coincidência

Olha a coincidência: o “Coronel Dulcídio” é o lugar que hoje abriga o ex-governador, a esposa e o irmão já por tempo superior aos dois dias que se previa para Fanini – que, aliás, continua recolhido desde o ano passado.

Mais um HC negado

A ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal Justiça, negou ontem a concessão de habeas corpus para Beto Richa e Fernanda, que a defesa do casal havia encaminhado ao STJ após a negativa proferida pelo desembargador do TJPR Laertes Gomes Ferreira na quarta-feira (12). Com isso, Beto e Fernanda terão de cumprir integral a prisão temporária de cinco dias – que podem ser prorrogados – que cumprem desde terça-feira (11) no Regimento Coronel Dulcídio. Seus nomes estão no inquérito do Gaeco como beneficiários do esquema que apurou propinas no programa Patrulha do Campo.