Opinião

Campanhas de desinformação

Por Carla Hachmann

Na era das redes sociais e da conectividade, a disseminação de informações em tempo recorde tem sido histórica. E preocupante! Em 70 países, “tropas virtuais” de governos ou partidos políticos organizaram campanhas para manipular a opinião pública nas redes sociais em 2018. A revelação é de um relatório recente da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Número 45% maior que no ano anterior, quando os pesquisadores identificaram 48 países com ações de manipulação. Na comparação com 2016, o salto foi de 150%.

O Brasil é um dos países em que os pesquisadores identificaram o uso de “bots” (contas automatizadas), “trolls” (usuários que provocam brigas online) e “ciborgues” (humanos com comportamento parecido com o de bots) para atacar adversários, confundir o debate político e provocar divisões na opinião pública. Por aqui, as principais redes sociais usadas foram o Facebook, o WhatsApp e o YouTube.

A tecnologia altera enormemente a escala, o escopo e a precisão de como as informações são transmitidas na era digital. Se fossem bombas, por exemplo, elas teriam acertado no alvo.

O problema é o que foi disparado com tamanha precisão: desinformação, incitação à violência e diminuição da confiança na mídia e nas instituições democráticas.

Tem mais. Conforme o estudo, essas técnicas para moldar a opinião pública online foram utilizadas por pelo menos 26 governos autoritários como China, Cuba, Coréia do Norte e Rússia para suprimir a liberdade de expressão, desacreditar vozes críticas e calar a oposição.

Essa é uma nova guerra. Sem pólvora. Mas que poderá ser tão letal quanto as bombas atômicas.