Opinião

As faltas da discórdia

Por Carla Hachmann

Em seis meses de governo, Ratinho Junior enfrenta sua primeira crise grave: a paralisação de boa parte do funcionalismo público, enquanto o restante aguarda só a deixa para cruzar os braços também.

E, pelo andar da carruagem, parece que a condução do problema não está lá essas coisas. Talvez seja o primeiro grande erro do governador: subestimar os servidores.

Para se ter uma ideia, da pauta de negociações, praticamente tudo já avançou há dois dias. Índice, pagamento, parcelamento… Mas o acordo esbarra num item: o abono das faltas.

Ratinho está irredutível: quer descontar os dias não trabalhados. É quase pior que chamar os grevistas de qualquer nome feio.

Acostumados a greves a vida toda, os sindicalistas não aceitam ser “punidos” por um direito que consideram que lhes cabe. Afinal, até hoje, raras vezes houve esse tipo de punição. Para evitar maior desgaste, o governo acabava cedendo e ignorava as faltas ante a promessa de que os dias seriam repostos. Bem se sabe que, na prática, a reposição não é lá aquelas coisas. Os estudantes que o digam. Mas que sempre foi assim, sempre foi!

Agora, o governador quer mostrar quem manda. Pode até dialogar, como prometeu diversas vezes, mas não quer perder a autoridade. As consequências disso, o futuro em breve nos mostrará.

Os dois lados tentam provar suas “teorias” e marcar seu território. Um jogo muito perigoso para quem está do lado de fora e depende do serviço público, especialmente os estudantes, que são sempre as maiores vítimas dessa queda de braço.