Política

Alças de acesso a viaduto custará R$ 24 milhões

Promessa do governador Beto Richa, a duplicação dos 6 km “cortados” da BR-277 deve ficar mesmo na gaveta

Cascavel – Depois de sete meses da liberação do viaduto sobre a BR-277, no perímetro urbano de Cascavel na região leste, apenas agora o governo do Estado anuncia a implantação de vias marginais até o Trevo da Portal.

Também estão previstas as alças de acesso ao viaduto com um custo total da obra de R$ 24 milhões. A previsão é de que a licitação seja feita nos próximos dias e as obras comecem no segundo semestre deste ano.

Os constantes acidentes no trecho levaram ao anúncio das obras. “Assim que houve o acidente do ônibus com nove feridos aceleramos o processo”, confirma secretário de Estado de Infraestrutura, José “Pepe” Richa.

A colisão citada pelo irmão do governador Beto Richa ocorreu na manhã de 28 de fevereiro deste ano. Um ônibus com trabalhadores atravessou a rodovia e foi surpreendido por uma moto e um caminhão carregado com bobinas de papel. Nove pessoas ficaram feridas, duas em estado grave. Mas esse caso não é isolado, já que as câmeras de segurança da Ecocataratas e da PRF flagram com frequência mais que assustadora a ocorrência de acidentes naquele local.

Os custos com a obra serão arcados pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e não afetarão a tarifa de pedágio. “As obras serão de inteira responsabilidade do Estado”, diz Pepe, que também confirmou o fechamento do Trevo da Portal, assim que o viaduto tiver os acessos prontos.

Para um dia

Mais uma vez, o governador Beto Richa falou da construção dos seis quilômetros de duplicação da BR-277 entre o posto da Polícia Rodoviária Federal até o SAU (Serviço de Atendimento ao Usuário). O trecho foi cortado na surdina na assinatura da Ordem de Serviços, quando a obra caiu de 9,2 para 3,2 quilômetros, sem que ninguém se desse conta. O “golpe” só veio à tona quando a reportagem do Jornal O Paraná resolveu medir o percurso. Surpresa para todos, população, líderes, entidades, menos para o governador, que, claro, sabia da supressão, pois havia “negociado” os seis quilômetros com Guarapuava, cidade onde o prefeito, Cezar Silvestri Filho, que é filho do então responsável pela Agepar, Cezar Silvestri, agência reguladora das obras das rodovias concessionadas.

Pressionado por todos os lados, Beto Richa veio a público, bateu no peito e tomou para si a execução da obra. Passado quase um ano, até agora nem sinal de fumaça. O projeto feito pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) estaria em análise pela Ecocataratas, e a promessa é de que seja entregue na primeira quinzena de abril. Questionado sobre a promessa, na última sexta-feira, em Cascavel, Beto voltou a garantir que o novo trecho sai, com recursos do Estado, só não faz ideia de quanto isso vai custar. Ou seja…

Pela metade

A Legnet Engenharia Ltda, de Pinhais-PR, construiu o viaduto que liga a Rua Olinda Periolo, no Bairro Pacaembu, à Rua Áustria, no Jardim Presidente, em Cascavel. A obra faz parte dos projetos do PDI, o Plano de Desenvolvimento Integrado, e os recursos do investimento vieram do contrato de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Foram gastos R$ 6,4 milhões na construção do viaduto, sem a ligação do trânsito com a BR-277.

Richa convoca imprensa e secretariado para segunda

Curitiba – O governador Beto Richa (PSDB) convocou para esta segunda-feira (26) uma reunião com todos os integrantes do primeiro escalão do governo do Estado. A expectativa é de que Richa anuncie sua renúncia para disputar uma das duas vagas paranaenses no Senado em disputa nas eleições de outubro.

O encontro com secretários e dirigentes de autarquias e empresas estatais vai ocorrer no GGI (Gabinete de Gestão e Informação), no segundo andar do Palácio Iguaçu. Após o término da reunião, Richa participa de uma coletiva de imprensa.

Richa adiou para esta segunda-feira o anúncio de sua decisão. Apesar do suspense, a saída de Richa já é dada como certa. Tanto que o grupo da vice-governadora Cida Borghetti (PP) – capitaneado pelo seu marido, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP) – já trabalha nos bastidores na formação da equipe do novo governo.

O prazo para a desincompatibilização de que vai concorrer a outro cargo termina no próximo dia 7. No último dia 14, Richa prometeu anunciar sua decisão esta semana.

Semana passada, Richa chegou a afirmar que poderia encerrar a carreira política, permanecendo no cargo até o fim do mandato, em dezembro deste ano. Aliados próximos ao governador, porém, dizem que essa possibilidade é remota, porque o tucano teria uma eleição praticamente garantida para o Senado, já que são duas vagas em disputa. Além disso, se ele não renunciar, seu filho, Marcello Richa (PSDB), pré-candidato a deputado estadual, e o irmão e secretário de Estado da Infraestrutura, José Richa Filho (PSDB), pré-candidato à Câmara Federal, ficariam impedidos de concorrer em razão do parentesco.

Cida Borghetti conta com a saída de Richa para assumir o governo e concorrer à reeleição. Nos últimos dias, o marido da vice, Ricardo Barros, intensificou os contatos para a formação do novo governo e da base de apoio da futura administração de Cida na Assembleia Legislativa. Entre os nomes cotados para compor a equipe está o ex-prefeito de Maringá e irmão do ministro, Silvio Barros (PP), que deve assumir a chefia da Casa Civil.

Neutralidade?

Outra informação de bastidores dá conta de que Beto Richa deve deixar o governo dentro do prazo de desincompatibilização, mas não anunciará quem apoiará para sua sucessão, já que, além de Cida Borghetti, o grupo que apoia a administração do tucano também tem o deputado estadual Ratinho Júnior (PSD) como pré-candidato ao comando do Palácio Iguaçu. Nesse cenário, ele se manteria inicialmente neutro, evitando o descontentamento de um dos dois grupos aliados que seria preterido em caso de apoio oficial.

Na prática, a maior parte da atual base governista deve apoiar a candidatura de Cida Borghetti. Na Assembleia, estima-se que ela teria o apoio de cerca de 30 dos 54 deputados estaduais, garantindo maioria tranquila para aprovar seus projetos na Casa.

O próprio Ricardo Barros já anunciou que deixa o Ministério da Saúde semana que vem para concorrer à reeleição para a Câmara Federal e coordenar a campanha de sua esposa. O ministro estaria ainda trabalhando intensamente para esvaziar a candidatura de Ratinho Jr, atraindo partidos que até então estavam alinhados com o deputado e pré-candidato do PSD.