Opinião

A revolução virtual é realidade

Opinião de Leandro Garbin

O mundo real e o virtual estão cada vez mais próximos e correlacionados um com o outro. O que é possível fazer em simulação matemática numérica hoje em dia é praticamente o mesmo que acontece no mundo físico, em uma ordem de correlação de 98% ou mais. Isso representa uma verdadeira revolução para a engenharia.

Mas o que é essa correlação? É o que se estabelece a partir de dados numéricos obtidos em ensaios físicos inseridos no computador, e que nos permite prever eventuais falhas de determinado produto em relação ao que acontece na realidade, tal como seu comportamento estrutural em durabilidade e fluidodinâmico, além de ruídos e eletromagnetismo.

As aplicações dessa tecnologia na engenharia são tão amplas quanto eficazes no desenvolvimento de produtos e no aperfeiçoamento contínuo dos já existentes. E os avanços, que seguem em progressão geométrica, geram as mais desejadas vantagens aos fabricantes – redução de custos pela eliminação da necessidade de protótipos físicos e de tempo dispendido nos desenvolvimentos.

Não é por outra razão que setores como o aeronáutico e o automobilístico estão no topo do uso dessas tecnologias. Hoje é possível simular um avião em toda sua complexidade, fazendo-se no computador todas as previsões de comportamento de cada um dos fenômenos físicos envolvidos em uma aeronave, e também simulação em túnel de vento virtual para estudo do comportamento aerodinâmico em veículos de Formula 1.

Essa aproximação dos dois mundos está cada vez mais em sintonia e sua abrangência avança velozmente em todas as áreas junto a novas técnicas como a manufatura aditiva, que tem se tornado cada dia mais prática, usual e presente nas empresas em seu caminho na direção da Indústria 4.0.

Este é o momento para a engenharia intensificar suas atenções no assunto. A nova revolução industrial prossegue em todo o mundo. Vamos mostrá-la em toda a sua plenitude no 17º Simpósio SAE Brasil de Testes e Simulações, em São Paulo, sob a ótica de especialistas com casos concretos em áreas cruciais da mobilidade terrestre e aérea.

Vamos começar com um painel estratégico para o qual convidamos chefes de engenharia de montadoras para nos trazer sua visão estratégica do desenvolvimento usando de forma cada vez mais eficaz testes e simulações em suas respectivas companhias, fabricantes de veículos de passeio, comerciais e agrícolas.

Entre os temas técnicos que serão apresentados no simpósio e que evidenciam o caráter horizontal do mundo tecnológico-virtual e a tendência de seu crescimento, se destacam o trabalho de simulação do comportamento estrutural de um helicóptero por um estudante da Universidade Federal de Itajubá (MG), a aplicação da tecnologia na análise do comportamento termo estrutural de um disco de freio para o metrô da Índia desenvolvida por empresa brasileira, a aplicação de aços de alta resistência em carroceria automotiva para redução peso e aumento de segurança e a aplicação do 5G em testes e simulações na área eletromagnética.

A simulação computadorizada segue mundo afora e derruba fronteiras da imaginação em novas aplicações para as mais diversas situações encontradas na indústria. Já é possível transformar um campo de provas físico em virtual e nele fazer todos os testes de durabilidade de carrocerias automotivas, como também correlações numéricas de ruídos, uma das áreas da Física mais complexas para se estudar virtualmente.

A revolução virtual é realidade!

 

Leandro Garbin é engenheiro mecatrônico com pós-graduação em Engenharia Automobilística pela FEI, diretor comercial da VirtualCAE e chairperson do 17º Simpósio SAE Brasil Testes e Simulações.

Não é por outra razão que setores como o aeronáutico e o automobilístico estão no topo do uso dessas tecnologias