Opinião

A força dos pequenos

Por Carla Hachmann

Ao se pensar a reforma tributária, é preciso olhar algumas especificações da economia com carinho. Não seria coerente nivelar todos os segmentos, sob o risco de cometer uma barbárie.

Um dos exemplos é o tratamento diferenciado que a legislação dá hoje às micros e pequenas empresas. Apesar de ainda ser difícil para todas suportarem os encargos, a tributação menor garante que a maioria continue ativa no mercado e fazendo o que as grandes não estão conseguindo fazer.

Prova disso é a geração de empregos. Estudo recente do Sebrae revela que nove de cada dez empregos gerados no Paraná em 2019 foram em uma micro ou uma pequena empresa. Ao filtrar números do Caged (Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados), o Sebrae observou que as MPEs tiveram saldo de 46.794 postos de trabalho, ou seja, 91% do total no Estado, que foi de 51.194 vagas.

Como comparativo, as empresas médias e grandes geraram apenas 4.447 novas vagas.

A crise também abateu essas empresas. Tanto que em 2015 e 2016 elas acumularam demissões, mas desde 2017 o saldo tem sido positivo.

Essa força desafia o elevado capital das grandes empresas, que demoram muito mais tempo para se recuperar de sobressaltos. E que muitas vezes pertencem a segmentos que são beneficiados de alguma forma pelo poder público.

Dentro dos pequenos, serviços e comércio tiveram o melhor desempenho: o primeiro gerou 52% de todas as vagas abertas no Estado, e o segundo, 21%.

Fora algumas exceções, o movimento das micros e pequenas empresas paranaenses se alinha ao nacional. No Brasil todo, elas criaram 731 mil postos de trabalho ano passado, enquanto as médias e as grandes fecharam 88 mil vagas.