Opinião

A falácia da tabela de frete

Por Carla Hachmann

Um ano e meio depois de ter sido editada, a tabela do frete ainda gera polêmica e praticamente não é obedecida em todo o Brasil. A medida é a única que restou das reivindicações dos caminhoneiros na greve de maio de 2018, e serve apenas no papel. É difícil ir contra a lei de mercado, especialmente em um país com uma frota rodoviária tão gigante.

O assunto é alvo de diversas ações de inconstitucionalidade, paradas em alguma gaveta do STF (Supremo Tribunal Federal) por todo esse tempo. O ministro Luiz Fux até chegou a prometer um julgamento, ouviu as partes, mas decisão nenhuma foi tomada até hoje. Entidades alegam que o governo não pode interferir na lei de livre mercado.

Na ponta mais fraca estão os caminhoneiros. Determinantes para a economia do País, como provaram naquele maio de terror, eles ainda não conseguiram alcançar sua principal reivindicação: preço mais baixo do óleo diesel. Pelo contrário, o produto sofreu diversos reajustes desde então.

Os diversos aspectos que aquela greve que parou o País revelou continuam ignorados. A forte dependência do transporte rodoviário, a precária infraestrutura de logística, as péssimas condições de algumas estradas, a falta de estrutura aos caminhoneiros, o alto preço do combustível em nada mudaram desde então.

Se os motoristas resolvessem cruzar os braços novamente hoje, provavelmente sua pauta de reivindicações seria igual, assim como os mesmos problemas decorrentes da paralisação se evidenciariam uma vez mais.

O governo editou uma tabela para mostrar que fez alguma coisa, os caminhoneiros usam a tabela para tentar negociar um frete melhor, mas, no fim, prevalece o que o dono da carga está a fim de pagar. Como dizem, se um não quer tem outro que quer. É a lei do livre mercado.