![Entenda a atual crise do agronegócio no Brasil e as reações da liderança diante das altas de preços nos supermercados - Foto: AEN Entenda a atual crise do agronegócio no Brasil e as reações da liderança diante das altas de preços nos supermercados - Foto: AEN](https://uploads.oparana.com.br/2025/02/HNOZs33Q-WhatsApp-Image-2025-02-15-at-00.00.02.webp)
Brasil - Como em um paradoxo, o Brasil, maior produtor de alimentos do planeta, atravessa um dos seus períodos mais sombrios nas gôndolas dos supermercados, com preços estratosféricos e declarações incongruentes do presidente Lula que, dias atrás, pediu para a população não comprar comida cara, como se isso fosse uma tarefa simples para o consumidor que, infelizmente, semana após semana, tem perdido seu poder de compra. As reações foram imediatas dos principais representantes do agronegócio brasileiro.
O assunto repercutiu inclusive entre as autoridades que prestigiaram o 37º Show Rural Coopavel. A reportagem do Jornal O Paraná buscou as opiniões dos líderes do agro, entre os quais o presidente da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), deputado federal Pedro Lupion; governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel e do presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), José Roberto Ricken.
Equilíbrio fiscal
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, esse ciclo de preço dos alimentos é atrelado ao mercado. “O Brasil só vem crescendo, exportando e alimentando um bilhão de pessoas e essa alta da inflação é genuinamente uma questão de mercado e de uma política fiscal”, pontuou. “Esperamos que o governo federal seja assertivo nas suas ações, para poder alcançar o equilíbrio fiscal, impactando a macroeconomia”.
O presidente da FPA, Pedro Lupion, classificou como “raso” o discurso do presidente da República. “É uma afirmação de quem não conhece a realidade econômica do Brasil”, comentou. “Só estamos vivendo uma inflação, e a consequente alta nos preços dos alimentos, por conta de uma política macroeconômica completamente falha, sem controle de juros, de inflação e câmbio”, acrescenta Lupion. Os insumos agropecuários são baseados na moeda americana. “A inflação sobe todos os dias e isso faz com que o consumidor tenha que pagar por alimentos mais caro”, diz.
Oferta e demanda
Líder da bancada ruralista, Lupion afirma que não há falta de oferta e nem de demanda. “O abastecimento ocorre em todos os produtos. A possibilidade de trazer alimentos de fora é extremamente prejudicial para a indústria brasileira e boicotar os produtos brasileiros é uma idiotice completa”. Para ele, falta o governo federal parar de gastar e começar a “trabalhar a economia de verdade”.
Questionado sobre a alta da Selic e o impacto futuro no Plano Safra, Pedro Lupion comenta que quanto mais elevados os juros, mais difícil é equalizar. “Precisamos pensar em uma linha mais barata para atender os produtores para fomentar a grande produção agropecuária, mas para esse ano, o cenário é desfavorável”. Diante desse momento, a FPA pretende ampliar a articulação política e buscar uma alternativa para solucionar o problema.
“Ingenuidade”
O presidente da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), José Roberto Ricken, de forma mais comedida, corrobora com Lupion sobre a necessidade de conhecer a realidade brasileira antes de fazer afirmações e dar orientações. “O produtor não é formador de preço. O mercado de alimentos funciona muito em oferta e demanda. Não dá para forçar a barra, fazer boicote, isso é uma ingenuidade. Quem fala isso não conhece a realidade do País”, salienta.
Ricken diz que é preciso fazer o maior Plano Safra do Brasil. “Tendo mais comida, os preços vão se normalizar. O país está totalmente abastecido. Se há algum ou outro produto que se valorizou no mercado internacional, isso é normal”. O presidente da Ocepar não vê a inflação dos alimentos como o principal fator prejudicial à sociedade. “É muito mais uma questão de reorganização que precisamos ter para reduzir os custos de uma forma geral. O produtor não tem como fixar preços. Ele é um tomador de safra”. Ricken finaliza: “Achar que o alimento é o problema é simplificar demais essa equação”