A famosa “olhadinha no celular” ao volante está cada vez mais comum e trazendo consequências irreparáveis, colocando em alerta os órgãos de trânsito que trabalham constantemente na conscientização dos condutores para os perigos que o uso do celular no trânsito traz. Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram emitidas quase quatro mil multas de condutores flagrados, mas essa é apenas a “ponta do iceberg”, segundo os especialistas em trânsito.
Os dados são de flagrantes de condutores de veículos e de motos que utilizam o celular no trânsito. Quem for flagrado mexendo no celular enquanto está dirigindo recebe multa gravíssima, de sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 293,47. Além disso, muitos não sabem que a multa pode ser aplicada para quem usa o viva-voz do telefone ou o multimídia do veículo. De acordo com o supervisor de trânsito da Transitar – autarquia de trânsito de Cascavel – José Valdecir Martins, uma das dúvidas dos motoristas é do Bluetooth dentro do veículo já que com o uso dele, de uma forma ou de outra, o condutor acaba utilizando o telefone celular e isso é proibido. Neste tipo de situação, a multa se enquadra como infração média, diferente de estar segurando ou manuseando, que é infração gravíssima. “É mais difícil para o agente constatar, mas a multa pode ser aplicada”, disse.
Outra questão é que caso o condutor estiver dirigindo o veículo e o passageiro do lado estiver segurando o telefone para ele falar, também é enquadrado como infração de trânsito de dirigir o veículo falando ao telefone do celular. “O correto é sempre o condutor – quando estiver trafegando – não utilizar o telefone, tem que banir da vida dele enquanto ele estiver conduzindo o veículo para a sua segurança e do próximo”, reforçou.
Problema comportamental
O caso da morte do menino Fernando Lorenzo Gehlen, na noite do dia 14 de junho, levantou ainda mais a discussão do uso do celular ao volante, já que a polícia investiga se a condutora do veículo estava utilizando o celular, quando atropelou o menino de apenas nove anos que estava aguardando ao lado da mãe na calçada, para atravessar a rua. Uma perícia foi contratada pela família que já concluiu que a condutora parou apenas cinco segundos após atropelar o menino.
O carro furou a preferencial do cruzamento da Rua Paraná esquina com a Avenida Piquiri, sendo que o automóvel subiu na calçada e atropelou os pedestres. O menino acabou sendo mais atingido e com as gravidades dos ferimentos acabou morrendo ainda no local, após sofrer algumas paradas cardíacas. A mãe e o amigo tiveram apenas ferimentos leves.
A motorista do carro fez o teste do bafômetro que apontou que não havia ingerido bebida alcoólica, mas ela se escondeu em uma loja alegando medo de ser linchada. Depois disso, ela foi encaminhada para a Delegacia Cidadã para prestar depoimento e o caso está sendo tratado pela Polícia Civil que recebeu relatos de que ela estaria utilizando o aparelho celular no momento do acidente, o que está sendo investigado.
Para a educadora de trânsito e presidente do Cotrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidente de Trânsito), Luciane de Moura, que promove o PVT (Programa Vida no Trânsito) cada vez mais é importante falar neste problema e alertar a todos os motoristas que já passou da hora de deixar o celular de lado quando estiver dirigindo. Nesta semana, agentes que fizeram uma ação de trânsito em cruzamentos centrais da cidade, aplicaram mais de 100 multas em apenas uma hora.
“Nossa orientação é que a pessoa não utilize o celular em momento algum, nem enquanto condutor e nem enquanto pedestre, porque tira toda a atenção que é de extrema importância no trânsito”, disse. Ela lembrou que dentro do veículo o condutor precisa cuidar dos retrovisores, prestar atenção na direção, prestar atenção para trocar de marcha, pedais, quem está na via, cachorro, gato, pessoas, ciclistas.
“Como que a gente ainda vai prestar atenção no celular?”- perguntou Luciane. Para ela, deve ser enaltecido ainda que o mesmo cuidado deve ser observado pelo pedestre que tem que fazer uma travessia de via e, se ele estiver olhando o celular ou com um fone de ouvido, vai dispersar totalmente a atenção. “A nossa orientação é deixar o celular longe do alcance dentro do carro, não deixar com facilidade, porque daí não tem a tentação de pegar o celular, uma dica é deixar dentro da bolsa ou fora do alcance das mãos, ou se estiver realmente esperando uma ligação que seja de suma importância, melhor parar e estacionar”, frisou.
A educadora lembrou ainda que nesta semana repercutiu umas imagens em várias redes sociais mostrando uma pessoa que estava conduzindo uma motocicleta e digitando no celular, que acabou colidindo na traseira de um outro veículo. “Se você não consegue ter uma atenção centrada realmente naquilo que você está fazendo vai resultar no sinistro, porque conduzir um veículo e estar atento ao celular tenho certeza que não vai conseguir”, finalizou.
Fique atento!
Quem for flagrado mexendo no celular enquanto está dirigindo recebe multa gravíssima, de sete pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e multa de R$ 293,47