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Qual o problema do trânsito de Cascavel?

Descubra o que está por trás da segurança no trânsito em Cascavel e os desafios enfrentados diariamente por motoristas e pedestres - Foto: Paulo Eduardo/O Paraná
Descubra o que está por trás da segurança no trânsito em Cascavel e os desafios enfrentados diariamente por motoristas e pedestres - Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Cascavel - A tão sonhada “paz no trânsito”, que é possível pela soma de um conjunto de fatores que resulta em uma mobilidade segura na cidade e nas rodovias, com pedestres, motoristas, ciclistas e motociclistas beneficiados com a “convivência pacífica”, ainda está bem longe de ser alcançada. Na próxima segunda-feira, dia 21 de abril, também dedicado ao “Dia Nacional da Paz no Trânsito”, uma pergunta deve ser feita a cada um, que diariamente somos atores deste grande teatro de muitos riscos.

A quantidade de acidentes, dos pequenos aos mais graves, com mortos ou feridos tem chamado a atenção cada vez mais e a pergunta que fica é: Qual o problema do trânsito de Cascavel? Desde o momento em que ligamos o carro, moto ou outro tipo de veículo, temos que ser responsáveis, cuidar da nossa vida e também da do próximo, que pode ser vítima das nossas ações e escolhas inconsequentes ou do mero descuido.

Foto: Reprodução/O Paraná

Mais uma vida

Um caso de “desatenção” chamou a atenção nesta semana. Uma mulher de 48 anos, passageira de um veículo que, na contramão, tentou atravessar a rodovia no “Trevo da Portal”, morreu quando o veículo foi atingido por um ônibus do transporte público. Capotamentos, sinistros de pequena ou grande monta, infelizmente, já são rotina dos cascavelenses que convivem com o problema “dentro ou fora de casa”.

A reportagem do Jornal Hoje Express conversou com a educadora de trânsito e presidente do Cottrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidente de Trânsito) de Cascavel, Luciane de Moura para mais uma vez trazer o tema que é uma preocupação constante dos órgãos de trânsito para o centro do debate. Desde 2010, o Cottrans trabalha para melhorar o trânsito da cidade e diminuir os números de sinistros, feridos e mortos.

Foto: Reprodução/O Paraná

294 mil veículos

Com uma frota de quase 294 mil veículos o trânsito de Cascavel tem um problema bastante evidente: o comportamento dos condutores. Para Luciane de Moura, as pessoas precisam entender que dividem o espaço uns com os outros, o que inclui respeito, empatia e total atenção tanto à sinalização de trânsito quanto os demais “atores” que estão transitando e que fazem parte da necessária mobilidade urbana.

“A nossa cidade tem espaços para ciclistas e pedestres que não são respeitados. As pessoas precisam entender a dimensão de toda a mobilidade, que inclui muitas pessoas no dia a dia, de um lado para o outro que têm o direito de transitar com segurança”, destacou. Para ela, os principais fatores são, claramente, o excesso de velocidade como principal causa e, a segunda, a falta de atenção, tanto do motorista quanto do pedestre.

Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Celular: O vilão!

“Se tivermos um agente em cada esquina multando, ele ainda não dará conta de anotar todas as infrações de motoristas manuseando o celular”, afirmou a educadora. Para ela, a falta de atenção é claramente ligada ao uso do celular que já se tornou uma parte quase inseparável, da vida das pessoas. “As pessoas esquecem uma blusa, o guarda-chuva, mas não esquecem o celular”, analisou.

A educadora afirmou que isso acaba refletindo no trânsito. Os motoristas ficam ligados, teclando, falando, resolvendo problemas do dia a dia; e os pedestres caminhando com a visão focada na telinha: sem a atenção principal no trânsito, acidentes são inevitáveis. Segundo a análise de óbitos registrados nas vias de Cascavel feita pelo Cottrans, muitos dos casos têm como causa principal exatamente a falta de atenção no trânsito e isso é cada dia mais preocupante.

2,2 multas

Somente nos primeiros três meses deste ano a autarquia de trânsito aplicou 2.219 infrações por dirigir o veículo manuseando ou segurando o celular. No ano passado todo foram 10.741 multas. “As pessoas têm utilizado muito o celular e isso são as infrações que são comprovadas. Mas por trás disso, tem ainda o uso exacerbado que acaba tirando toda a atenção do trânsito, não só dos condutores, mas dos pedestres que caminham com a atenção voltada ou à tela do celular ou ao fone de ouvido”, alertou.

Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Números que assustam

Luciane de Moura trabalha há anos com o trânsito de Cascavel e, infelizmente, a constatação é de que a cidade tem apresentado um “trânsito cada vez pior”. Até 2023, os números eram animadores, com redução no número de acidentes, porém, em 2024 aumentou em 50% o número de vítimas fatais no perímetro urbano, subindo de 16, em 2023, para 24 no ano passado. O que chama mais atenção são as mortes de motociclistas, com 12 mortes no total e 8 atropelamentos, sendo que 6 deles envolveram idosos. Em dados gerais, em 2023 a cidade contabilizou 874 acidentes com 1.182 feridos e, em 2024, 942 acidentes com 1.149 feridos.

Foto: Reprodução/O Paraná

“Trânsito violento”

“Podemos afirmar que a nossa cidade tem, atualmente, um trânsito violento porque temos boas vias e não falta sinalização: o que falta é atenção. O errado é o condutor! Não adianta intensificarmos as operações de educação e fiscalização, precisamos do apoio da população para seguir as orientações que são dadas para melhorar no trânsito, seguindo as normas de trânsito”, enfatizou Moura.

Segundo dados do Cottrans, no ano passado foram 49 óbitos em toda a cidade, incluindo as marginais, rodovias e perímetro urbano; destes 24 foram dentro da cidade. Neste ano, em apenas três meses já são 14 óbitos, sendo 5 no perímetro urbano e 9 nas rodovias, desses que destes 2 passageiros de automóveis, 3 condutores, 5 motociclistas, 1 passageiro de moto e 3 pedestres.

Outras irresponsabilidades no trânsito estão ligadas à falta de CNH (Carteira Nacional do Trânsito) que tem deixado as autoridades em alerta, bem como a embriaguez ao volante. Nestes primeiros três meses do ano já foram autuadas 138 pessoas pela falta do documento. No ano passado todo foram 437 infrações. Trafegar sob a influência de álcool foram 30 infrações nos primeiros três meses de 2025, contra 60 no ano passado, de acordo com os dados apenas da Transitar.