“Assim como posso ser salvo imerecidamente e sem intervenção pessoal, ou seja, posso receber um presente que outros não receberam, também devo concordar se for obrigado a arcar com as consequências de coisas negativas que aconteceram sem culpa minha. O destino não se importa com as nossas reivindicações, nem com a nossa reparação.” (Bert Hellinger, Zweierlei Glück, p. 38)
Todo ser humano pertence a uma família, quer a conheça ou não. Na família todos estão conectados entre si. Os efeitos – bons e ruins – dos acontecimentos que atingiram os antepassados permanecem atuando sobre os membros vivos da família. Em outras palavras, existe algo como uma “memória emocional” transgeracional em cada pessoa.
Quando temos presente isso, compreendemos que muitas de nossas escolhas são influenciadas por forças que desconhecemos. Estas forças atuam inconscientemente sobre nós e determinam a nossa vontade. Bert Hellinger dá o nome de “destino” a essas forças que, a partir dos antepassados, atuam sobre nós.
Destino é, portanto, uma força fora do nosso controle que atua sobre nós. Essa força pode trazer tanto coisas boas quanto coisas ruins. As coisas boas não são necessariamente frutos de nossos méritos, nem as coisas ruins acontecem necessariamente por causa de nossos deméritos.
Assim, um membro da família pode ser premiado por um acontecimento do qual os demais não receberam nada. Por exemplo, uma pandemia atingiu os pais e todos os filhos, exceto um deles. Todos, menos este, ficaram com sérias sequelas.
Este membro recebeu um presente não porque é melhor que os demais, nem os demais foram atingidos pela pandemia por que são piores que ele. Para situações como estas, damos o nome de “destino”. O destino não pergunta por nossos méritos, nem por nossos deméritos. O destino pode premiar com coisas boas quem age mal e punir com coisas más quem age bem. Por isso, assim como acolhemos as coisas boas que chegam a nós imerecidamente, também devemos concordar com as más que acontecem contra a nossa vontade.
Quando nos rebelamos contra o destino imutável e lutamos contra ele mantendo vivas a raiva e as cobranças, ou procuramos culpados, ou não integramos as fatalidades em nossa vida, então o destino também não terá como desenvolver sua força positiva sobre nós, seja quando nos acontecem coisas boas, seja quando nos acontecem coisas ruins.
As coisas más podem produzir resultados bons, do mesmo modo como as coisas boas podem provocar consequências más. Quando acolhemos e integramos o bom e o mau em nossa vida, abrimos caminho ao êxito.
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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar
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