
É justamente este nó que o novo diretor do MAC, Marcelo Velloso, 39 anos, quer desfazer. Ex-superintendente de Cultura, Turismo e Lazer da Autoridade Pública Olímpica (APO), Velloso substitui Luiz Guilherme Vergara, que estava no cargo desde 2013, a convite do secretário municipal de Cultura da cidade, Marcos Gomes.
? É um grande ícone de Niterói, do Brasil, mas nem todo mundo sabe o que faz um museu de arte contemporânea, ou conhece o acervo maravilhoso que a gente tem ? diz Velloso. ? É difícil competir com a imagem de seu exterior, aquele cenário deslumbrante onde o mundo todo vem tirar fotos. Não por acaso, é um dos museus mais fotografados do mundo, e em diversas vezes na sua trajetória foi a instituição mais visitada do Estado do Rio. A imagem do MAC supera o próprio MAC. O desafio é: como fazer com que o público interaja mais com o próprio museu? É importante saber como ele pode ser mais presente, para além da forma.
Para fazer isso, explica Velloso, será preciso desvincular o MAC da Fundação de Artes de Niterói (FAN), dando autonomia à instituição. Ele não descarta o aluguel do espaço para grandes eventos, alegando que o museu precisa sobreviver:
? Se isso puder ajudar o museu, não vejo problema na locação do espaço para um evento episódico, uma atividade que não afete a programação. Mas antes é fundamental que o MAC tenha um novo modelo de gestão. O fato de ser um órgão público, vinculado à Fundação de Artes de Niterói (FAN), torna tudo muito burocrático. São as dificuldades inerentes à gestão pública. Mas é preciso manter o acesso público ? reforça ele, lembrando que o exemplo de gestão do Museu Imperial pode ser um exemplo (federal, a instituição tem uma associação de amigos do museu bastante forte e participativa, segundo ele).
CONVITE A PABLO LEÓN DE LA BARRA
Formado em Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde também deu aulas, com especialização no Observatório de Políticas Culturais de Grenoble, na França, o niteroiense Marcelo Velloso já trabalhou na Unesco e na Secretaria de Cultura de Niterói. Também foi coordenador do Sistema Nacional de Cultura, do MinC, onde exerceu o cargo de chefe de representação do gabinete no Rio e no Espírito Santo, até chegar à Superintendência de Cultura, Turismo e Lazer da Autoridade Pública Olímpica. Velloso sempre atuou na área de artes visuais, mesmo no projeto paralelo do qual participou ao longo dos últimos anos, o Barraco Maravilha, que funcionava na Lapa e produzia exposições de artistas independentes.
Para assumir a curadoria do MAC, ele convidou o mexicano Pablo León de la Barra, 46 anos, um dos curadores mais influentes de sua geração, que já esteve à frente da Casa França-Brasil e foi curador de arte latino-americana do Guggenheim, em Nova York, além de ter atuado em instituições de Buenos Aires, Zurique, Genebra e Madri. O trâmite, no entanto, ainda não foi totalmente acertado:
? O meu objetivo é ter um museu mais atualizado, mais conectado aos outros museus do Rio, já que, até mesmo fisicamente, o MAC é um grande farol. É importante firmar com um curador que circule, que tenha boa conexão internacional ? diz Velloso. ? A ideia é consolidar o papel do MAC como um espaço de intercâmbio. Queremos manter sempre parte da coleção em exposição, reformar o conselho do museu e estabelecer uma boa programação.