Francisco Beltrão – O grande volume de chuvas que caiu no Paraná nos últimos quatro dias acendeu o alerta laranja do Instituto Nacional de Meteorologia. É que o acumulado de chuvas fez com o volume de água de muitos rios aumentasse além da capacidade de vazão e há risco de alagamentos, deslizamentos de encostas e transbordamentos de rios.
De acordo com o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), os maiores volumes de chuva foram registrados nas regiões oeste e sudoeste do Estado, mas o alerta é para o Paraná todo, pois durante o fim de semana deve chover volumes consideráveis nas regiões norte e centro-leste.
Em Francisco Beltrão, dados da Estação Meteorológica do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) apontam que o mês de maio de 2019 foi o mais chuvoso dos últimos 36 anos. O acumulado chega a 615 milímetros para uma média histórica entre 100 e 125 milímetros. Maio deste ano só ficou atrás do mesmo mês de 1983, quando choveu 614 milímetros.
Os prejuízos causados pelas chuvas ainda são contabilizados pelo Município, mas a prefeitura afirma que dezenas de bueiros, pontes, galerias pluviais, calçadas terão de ser reconstruídos e asfalto recuperado. Medidas emergenciais estão sendo tomadas, mas o prefeito Cleber Fontana afirma que serão meses de trabalho e grande investimento financeiro para a recuperação dos estragos.
De acordo com a Defesa Civil do Município, pelo menos 500 imóveis e terrenos foram atingidos pelo alagamento, mas a situação vem se normalizando por conta da trégua que a chuva deu nessa sexta-feira (31).
A Defesa Civil estadual monitora a Estação de Tratamento de Água do Município, que, por conta do grande volume de água, ameaça transbordar.
Alagamentos em Cascavel
A outra cidade que registrou grande volume de água e estragos foi Cascavel. Em maio choveu o dobro da média histórica, que é de 155 milímetros. O acumulado passou dos 300 mm e somente de 28 a 31 choveu 161 milímetros, de acordo com o Simepar.
Foram registrados três alagamentos no loteamento Florais e lonas foram distribuídas a nove famílias dos Bairros Melissa, Brasmadeira e Interlagos, que tiveram casas destelhadas e danificadas.
Outra situação grave registrada foi no Bairro Canadá, onde, por conta do rompimento de dutos da BR-467, a água derrubou um muro sobre dois carros e alagou uma casa. A moradora disse que não é a primeira vez que a situação é registrada e que, inclusive, já cobra na Justiça do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) – na época responsável pela rodovia – pelos prejuízos registrados.
Apesar dos estragos, ninguém ficou ferido.
Um desabamento de terra em na obra do Ecopark Oeste também foi registrado durante a semana por conta das chuvas.
Nova Laranjeiras e Catanduvas
Nas cidades de Nova Laranjeiras e Catanduvas a chuva também trouxe transtornos. As duas cidades registraram alagamentos. Em Nova Laranjeiras choveu 118 mm nos últimos quatro dias e, de acordo com a prefeitura, o Lago Municipal não suportou o grande volume de águas e acabou transbordando. Diversas ruas ficaram alagadas e o pátio de máquinas da prefeitura também foi atingido.
Outro problema que facilita o alagamento na cidade é um bueiro que tem sob a BR-277 e que não suportou a grande vazão de água, causando transtornos na região.
A prefeitura solicitou providências à Ecocataratas, concessionária responsável pelo trecho.
Guaraniaçu – pedras no meio do caminho
Em Guaraniaçu, um problema já existente ficou ainda pior por conta da chuva. Professores mas principalmente os alunos da Escola Estadual do Campo D. Pedro II, no Distrito do Borman, em Guaraniaçu, estão tendo que, a pé, enfrentar lama e estrada interditada para chegar até a escola.
Segundo a professora Anieli Pricila Gomes, a estrada está interditada desde o início da semana. As pedras foram colocadas na segunda-feira (27), entretanto, segundo ela, os montes de terra já estavam lá desde o início do ano letivo.
Pelo acesso secundário os veículos não passam por falta de cascalho, então, em alguns trechos só a pé mesmo. “Por se tratar de uma escola do campo, muitas vezes é deixada de lado, vista como menos importante, no entanto, ela também é transmissora de conhecimento e formadora de opiniões e muitos dos alunos que aqui estudam têm apenas esse ambiente como fornecedor do conhecimento científico”, disse a professora, indignada com a situação.
Próximos dias: Será que chove?
O meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar, afirma que o fim de semana ainda deve ser chuvoso em todo o Estado. Nas regiões oeste e sudoeste estão previstos pelo menos 50 mm durante sábado e domingo. Já na segunda-feira a chuva dá uma trégua e o frio volta, mas ainda sem previsão de geadas para os próximos dias. Os termômetros podem ficar abaixo de 10ºC.
O Simepar também destaca o alerta de risco emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia. Caso qualquer situação de risco ou acidente por conta das condições climáticas seja registrado a busca por auxílio e informações pode ser obtidas na Defesa Civil, pelo telefone 199, e com o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193.
Reportagem: Cláudia Neis