
Cascavel - Há histórias que atravessam décadas e se entrelaçam com a própria trajetória de uma cidade. E é assim com os leitores mais antigos do Jornal O Paraná que, desde o início do diário em 1976, fazem parte dessa caminhada contínua de notícias e informações. Um dos maiores símbolos desta fidelidade é Benedito Rodolfo Toderke, 82 anos, que mantém sua assinatura com o jornal desde o fim da década de 1970. Ele representa mais do que um simples leitor; é um testemunho vivo do desenvolvimento de Cascavel e da própria história do jornal.
Natural de Erechim, no Rio Grande do Sul, Benedito chegou ao Sudoeste do Paraná com 18 anos, quando se estabeleceu em Francisco Beltrão, onde se casou. Pouco depois, mudou-se para Cascavel, onde construiu sua vida e sua carreira. Ao longo desta trajetória, ele se envolveu no comércio, abriu uma metalurgia e, posteriormente, uma loja de ferragens, que hoje gerencia com a ajuda de dois filhos. “A gente vai se adaptando, mas o jornal sempre foi uma companhia constante”, afirma, com um sorriso que revela o valor da tradição que ele cultiva todos os dias.
O hábito de assinar e ler o Jornal O Paraná começou logo depois da sua chegada à cidade. “Sou assinante logo em seguida quando vocês começaram”, revela Benedito. Para ele, o jornal sempre foi uma janela para o que acontecia na cidade, com suas boas e suas más notícias.
Hábito inquebrável
Benedito tem uma relação quase íntima com o jornal. “Leio todos os dias. É um hábito que cultivo há décadas”, diz ele, com a naturalidade de quem nunca perdeu o costume. A preferência pela versão impressa é clara: “Eu não sou muito bom com aparelhos eletrônicos. Só sei ligar e atender a ligação telefônica”, brinca. Apesar da idade e da simplicidade com a qual encara a tecnologia, ele mantém-se atualizado por intermédio do papel, uma escolha que o aproxima das suas raízes.
Esse amor pelo impresso é algo que atravessa gerações. A geração de Benedito é marcada pelo cuidado e pelo prazer em tocar, folhear e sentir a textura do papel. Para ele, o jornal impresso mantém algo que o digital não consegue: a sensação de ser parte de algo físico, palpável e, acima de tudo, de memória.
O valor das notícias locais
A importância do Jornal O Paraná para Benedito está na sua capacidade de refletir a realidade local. “Gosto de saber o que está acontecendo aqui, nas nossas ruas, no nosso bairro“, explica. As notícias locais sempre foram um fator essencial na fidelidade dos leitores mais antigos, pois o jornal é visto como uma extensão da vida cotidiana, uma forma de se conectar com a cidade que construiu e ainda constrói.
Para Benedito, as notícias não são apenas uma forma de se manter informado; elas são um elo com o passado e com o futuro de Cascavel, um lugar que ele ajudou a transformar. “Mesmo quando as notícias não são boas, a gente precisa saber o que está acontecendo”, diz, enfatizando a responsabilidade do jornal de ser um veículo de transparência e confiança.
Viúvo de Lisbeth Toderke há pouco mais de 7 anos, Benedito nunca deixou que a solidão tomasse conta de sua rotina. Ele tem cinco filhos, dois dos quais trabalham com ele na loja de ferragens, e mesmo aos 82 anos, continua com o espírito de quem ainda tem muito a contribuir. Ele fala com orgulho sobre a vida que construiu, e os desafios que superou ao longo dos anos, sempre com o jornal à sua mesa, como uma constante em sua jornada. Benedito tem também oito netos e um bisneto.
A história de Benedito Rodolfo Toderke é a de muitos outros leitores do Jornal O Paraná, cujas vidas se entrelaçam com o crescimento de uma cidade e de um jornal que, juntos, atravessam gerações.
Enquanto Benedito mantém o hábito diário de ler o jornal, ele nos ensina algo muito mais profundo: a importância de cultivar bons hábitos, de se manter conectado com a cidade, com a história e, acima de tudo, com as pessoas. O jornal, para ele, é mais do que um simples veículo de notícias. É um amigo que atravessa os anos, um testemunho do seu legado e da sua história de vida em Cascavel. E assim, ele permanece fiel, todos os dias, à história que nunca deixa de ser contada.
Outro assinante antigo é Talvino, com 95 anos. O hábito de ler o jornal é cultivado desde o fim da década de 1970. “Gosto de ler para me interter e ficar por dentro do que acontece na nos cidade”.
O Paraná: guardião do tempo e da verdade
Nas manhãs tranquilas de Cascavel, enquanto o sol ainda se espreguiça no horizonte e o aroma do café fresco se espalha pela casa, um ritual se repete com a precisão das coisas sagradas. É quando o Sr. Isaías e dona Clotildes Orsato se debruçam sobre as páginas do Jornal O Paraná, como quem visita um velho amigo — constante, confiável, necessário.
Perto de completar seu cinquentenário, o jornal não é apenas papel impresso; é companhia fiel, é ponte entre o lar e o mundo. É, para a Família Orsato, sinônimo de credibilidade. Em cada linha, em cada manchete, pulsa o compromisso de informar com seriedade, de narrar a vida que move Cascavel, no Paraná, com a dignidade que a boa notícia exige. “Graças ao jornalismo praticado pela equipe do Jornal O Paraná, conseguimos nos manter informados”, diz Isaías, com a sabedoria de quem viu o tempo passar, mas nunca deixou a verdade escapar entre os dedos.
Entre as páginas favoritas, constam os relatos do cotidiano, o fervor dos esportes e os pensamentos do articulista Paulo Martins na coluna Isto Posto. Não são apenas editorias; são espelhos de um Brasil que pulsa, sonha, e enfrenta. Sim, reconhecem as mudanças: a tecnologia, veloz e impaciente, desafia o papel. A internet, líquida e ruidosa, parece querer engolir o jornalismo com sua pressa e seus atalhos. Mas Isaías, com a firmeza dos que conhecem o valor do tempo, diz com esperança: “Poderá acabar, mas vai demorar”.
E com a serenidade dos que amam o que perdura, o casal deixa um recado a todos os leitores: não deixem de valorizar o que é construído com verdade, dia após dia, edição após edição. Que saibam distinguir o ruído da notícia superficial do som firme da informação que edifica.
Porque o Jornal O Paraná não é apenas um veículo de comunicação. É um alicerce. É um retrato do ontem, um guia para o hoje, e um farol para o amanhã. É um orgulho para os cascavelenses. É a palavra que resiste. É a memória que não se apaga.