Representantes da construção civil e do mercado imobiliário se uniram em frente à Gihab (Gerência Executiva de Habitação) de Cascavel, ontem, para reclamar das avaliações dos imóveis financiados pela Caixa. A queixa deles é que os imóveis estão sendo avaliados com 10% até 15% abaixo do valor de mercado, prejudicando as negociações.
“O financiamento pelo Minha Casa, Minha Vida financia no máximo 80% do valor do imóvel. Se pegarmos um imóvel de R$ 175 mil, o máximo que financiaria é R$ 140 mil. Só que o imóvel precisa ser avaliado em R$ 175 mil, porque, se for avaliado com valor menor, menos será liberado de financiamento”, explica o corretor de imóveis Felipe Arnoni Lopes.
Segundo ele, os clientes precisam desembolsar mais na entrada do que o pretendido e até o possível. “Se a Caixa avaliar o imóvel de R$ 175 mil por R$ 150 mil, o cliente só vai conseguir financiar R$ 120 mil, ou seja, ele terá que pagar a diferença”.
De acordo com os manifestantes, o protesto foi a última alternativa. “Nós conversamos com a Caixa durante mais de 40 dias e dizem que vai haver mudanças, que isso leva tempo, mas precisamos com urgência, porque temos muitos negócios engavetados e parados esperando a situação ser resolvida”, afirma Felipe.
De imediato, os manifestantes pediram que os imóveis questionados sejam reavaliados.
A Caixa esclarece que as avaliações de imóveis para garantia de financiamento imobiliário são realizadas com base nas normas técnicas brasileiras e que o valor de mercado é estimado pelo método comparativo direto, com base em dados de mercado, considerando sua variação ao longo do tempo.
Consequências
O corretor de imóveis Felipe Lopes afirma que as baixas avaliações feitas pela Gihab geram consequências para todo o setor da construção civil, como as lojas de materiais de construção e até mesmo para os pedreiros. “A construtora constrói a casa com recursos próprios, gera empregos, movimenta o comércio e ajuda inúmeros profissionais autônomos que dependem da construção civil. Quando os imóveis são avaliados abaixo do valor de mercado, o cliente desiste da compra, isso faz com que as casam fiquem fechadas e outros imóveis deixem de ser construídos”.
Reportagem: Milena Lemes