Se for para as conversas climáticas de novembro em Glasgow, na Escócia, terem sucesso, os primeiros sinais de progresso podem surgir neste final de semana, quando líderes das 20 maiores economias do mundo realizam sua primeira reunião presencial em dois anos.
Há obstáculos pelo caminho. O G20 está dividido em questões como a eliminação gradual do carvão e a limitação do aquecimento global a 1,5 grau Celsius, o que dá aos diplomatas pouco tempo para acertar um acordo antes do encontro sobre o clima, nos dias 30 e 31 de outubro.
Muitos dos líderes que irão a Roma, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voarão em seguida para a Escócia, para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26), que é considerada vital para se enfrentar a ameaça da elevação das temperaturas.
A COP26 envolve quase 200 países, mas o G20, que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, é a força dominante, respondendo por mais de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, 60% de sua população e cerca de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.
“Acabou o tempo das gentilezas diplomáticas. Se os governos, especialmente os do G20, não se pronunciarem e liderarem esse esforço, estamos a caminho de um sofrimento humano terrível”, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, na semana passada.
Contrariando as esperanças de uma reação robusta do G20, as expectativas de Biden, de seguir para a Europa com um acordo doméstico forte a respeito da política do clima, diminuem muito por causa de divisões políticas a respeito de um pacote de gastos mais abrangente.
Para aumentar a decepção da anfitriã Itália, os líderes da China, do Japão, México, da Rússia e Arábia Saudita decidiram não comparecer à reunião, que será realizada em um subúrbio de Roma chamado EUR, construído pelo ditador fascista Benito Mussolini.
Segundo relatos, o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, teriam desistido por causa de temores relativos à pandemia de Ccvid-19, mas devem acompanhar os debates por videoconferência, disseram diplomatas.
A covid-19 transformou a cúpula do G20 no ano passado em evento virtual, e suas consequências ainda presentes terão destaque nas conversas em Roma, nas quais a Itália está determinada a fazer as grandes economias coordenarem a recuperação global.
(Reportagem adicional de Angelo Amante, Gavin Jones e Michel Rose/Agência Brasil)