TRÂNSITO

Cascavel segue na ‘contramão’ do aumento no número de mortes em rodovias federais

Foto: AEN
Foto: AEN

Cascavel – Os acidentes de trânsito nas rodovias federais de todo o estado são uma preocupação constante – tanto dos órgãos de trânsito quanto dos órgãos de saúde – já que os feridos acabam ocupando uma grande quantidade de leitos nos hospitais públicos, que deixam de atender pacientes com problemas em geral, para se dedicar aos casos de emergência que são gerados pelos acidentes que deixam uma grande quantidade de pessoas feridas e outra parte indo a óbito.

Dados apresentados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) demonstram que o número de mortes nas rodovias federais do estado cresceu de janeiro a setembro deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento de mortes atingiu quase 8%, já que 443 pessoas perderam suas vidas em acidentes em rodovias paranaenses, 32 a mais do que em 2023. O aumento de óbitos é acompanhado pelos números de acidentes e de feridos, que aumentaram 5,7% e 6,5%, respectivamente,  na quantidade de acidentes registrados. 

Segundo a PRF, a tendência de alta já era observada e alertada desde o primeiro trimestre do ano e alertado pelo órgão, que a partir de então passou a intensificar a fiscalização das condutas relacionadas aos acidentes. De janeiro a setembro, o número de condutores flagrados em excesso de velocidade aumentou de 128.174 para 132.018. Os números de condutores flagrados realizando ultrapassagens proibidas continuam em um patamar altíssimo, apesar de discreta diminuição. Os flagrantes de ultrapassagem equivalem a mais de 93 flagrantes por dia.

Os dois principais tipos de acidentes responsáveis por aumentar o número de mortos nas rodovias, destacam-se a colisão frontal e o atropelamento de pedestres. Pelos dados apresentados, estes acidentes não são os mais frequentes, já que ocupam a sétima e a oitava posição no ranking de acidentes, no entanto ocupam os dois primeiros lugares na lista de óbitos, aumento de 14% de óbitos em colisões frontais e de 7,4% nos atropelamentos.

Além disso, houve um aumento no número de engavetamentos, os acidentes que envolvem três ou mais veículos em colisão traseira e de óbitos nessas ocorrências, que saltaram 300% em comparação a 2023. Passando de 89 para 102 acidentes registrados, os engavetamentos elevaram o número de óbitos de 6 para 18. A conduta dos usuários das rodovias é o fator-chave para diminuir a violência do trânsito.

Cascavel tem queda

Na contramão do Estado, a Delegacia da PRF de Cascavel, que abrange cerca de 900 quilômetros de rodovias na região, teve uma queda significativa tanto no número de mortes quanto de acidentes, acidentes graves e feridos. A redução maior é de mortes, uma queda de 26% passando de 65 no ano passado para 48 neste ano. Na sequência aparece o número de acidentes graves que passou de 166 para 144, uma queda de 13%, acidentes de 507 para 444 representando 12% e de feridos de 573 para 547, ou seja, redução de 5%.

Para Edir Veroneze, inspetor da PRF de Cascavel, o resultado se deve a um conjunto de fatores, principalmente do reforço da fiscalização e orientação, que é o trabalho rotineiro da polícia para garantir que quem esteja circulando pelas rodovias vá e volte em segurança e também. Além disso, ele acredita que houve um aumento na conscientização dos condutores que têm medo às vezes de levar uma multa e reduzem velocidade – que é um contribuinte muito forte para o acidente.

Veroneze acredita que o resultado é a união destes dois fatores. “Os acidentes e as mortes geram um dano todo à sociedade, não é apenas para o condutor do veículo, não é apenas para a família direta do condutor, então a diminuição do número de acidente tira um grande impacto da sociedade, mas para manter esses números, tem que manter o trabalho, tanto da polícia quanto a conscientização dos motoristas”, frisou.

Educação no trânsito

Luciane de Moura que é educadora de trânsito e presidente do Cotrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidente de Trânsito) explicou que todos os órgãos de trânsito trabalham na conscientização e com o tema de que “a paz no trânsito começa por você”, já que a grande parte dos acidentes tanto no perímetro urbano quanto nas rodovias tem a ver com o comportamento do condutor.

“A gente percebe que as pessoas, além da falta de atenção – que está incluindo o uso do celular – em todo momento elas também têm muita pressa. As pessoas não têm paciência de esperar, então a engenharia, a fiscalização e a educação têm trabalhado muito nesse aspecto, na união destes três setores, mas para reduzir mortes e sinistros precisa haver mudança de comportamento, as pessoas entenderem que suas atitudes refletem automaticamente ou ligeiramente no trânsito”, analisou.

Moura relatou ainda que em pleno 2024 muitos insistem em não usar o cinto de segurança, importante dispositivo que evita que a pessoa morra em consequência de um sinistro, de um capotamento, de um tombamento, de um veículo ou também de uma colisão, além do problema grave do uso do celular e do excesso de velocidade. “A população precisa entender que ela é que vai fazer a diferença nisso tudo”, frisou.

Ela lembrou ainda que várias campanhas estão sendo feitas para conscientizar quanto ao celular, mas as pessoas continuam utilizando. “O motorista precisa manter a calma, a paciência, planejar o seu trajeto, que vai resultar nos números. Acredito que a moeda mais cara hoje seja o nosso tempo, porque a gente não tem tempo para nada e não sabe utilizar esse tempo e isso está respingando automaticamente no trânsito, porque é dele que sai o ir e vir, onde as pessoas precisam desse espaço de deslocamento e ocorre todas essas fatalidades”, finalizou.