Cotidiano

Cascavel estuda local para implantar novo cemitério

Até ontem, já tinham sido confirmadas 123 mortes por covid-19 em março, em Cascavel, uma média de 7,6 por dia

No Cemitério Central, as gavetas estão tomando o lugar dos túmulos
No Cemitério Central, as gavetas estão tomando o lugar dos túmulos

O número de óbitos durante a pandemia de covid-19 mudou a realidade dos cemitérios de Cascavel. Para se ter uma ideia, a média de sepultamentos era de oito por dia. Em março, esse número mais que dobrou e levou à suspensão dos velórios devido à quantidade de corpos que chegam todos os dias à Acesc (Administração de Cemitérios e Serviços Funerários de Cascavel). Até ontem, já tinham sido confirmadas 123 mortes por covid-19 em março, em Cascavel, uma média de 7,6 por dia.

De acordo com o superintendente da Acesc, Beto Guilherme, a capacidade dos cemitérios não preocupa, mas ele revela que existe um estudo para implantar um novo cemitério na cidade. “Estamos atrás de uma área, mas não é fácil de arranjar, já que existem exigências ambientais”.

Segundo ele, a população quer um novo cemitério e mais capelas mortuárias, mas ninguém os quer perto de casa, e isso dificulta encontrar uma área viável.

Os cemitérios seguem uma lei aprovada pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que padroniza os procedimentos de licenciamento ambiental em todo o Brasil.

De acordo com a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, para que um cemitério seja implantado são necessárias várias exigências, entre elas, o licenciamento ambiental e, o projeto deve conter plantas, memoriais e documentos assinados por um profissional habilitado e projeto executivo contemplando as medidas de mitigação e de controle ambiental.

Em Cascavel, existem quatro locais municipais para sepultamento: o Cemitério Central, o São Luiz – que fica no São Cristóvão -, o Jardim da Saudade e o Cristo Redentor, ambos no Bairro Guarujá. “Como são cemitérios antigos, as famílias já têm seus jazigos há muito tempo e, por isso, existem locais para sepultamento dessas famílias”, explica Beto.

O Cemitério Cristo Redentor é a última área disponível para sepultamento e tem mais de 2 mil jazigos para comercialização.

Sobre o projeto do novo cemitério, a reportagem questionou a Secretaria de Planejamento, mas não houve resposta.

Sem aglomerações

Com o aumento de mortos por covid-19 foram tomadas algumas medidas para minimizar as aglomerações. Uma delas foi a suspensão dos velórios de mortos em decorrência do novo coronavírus. “Nós tivemos uma conversa com a Vigilância Sanitária e fizemos uma normativa na qual a despedida de mortos por covid-19 será feita somente no cemitério, sem velório. Também pensamos que, em casos de 20 ou 30 sepultamentos por dia, nós não daríamos conta, mas, com essa medida em vigor, já melhorou a demanda e os servidores têm condições de atender todos os sepultamentos”.

As famílias que precisam levar os entes para sepultamento com cortejo para cemitérios mais afastados contam com serviço prestado pela Acesc, que ano passado abriu registro de preço pelo qual são contratados serviços funerários.

Despedida sem velório

Segundo Beto Guilherme, a despedida se tornou ainda mais difícil para as famílias que perdem um familiar para a covid-19. “Ficamos emocionados em ver a situação de alguns familiares, que não têm como se despedir… Infelizmente, a forma que se prepara o corpo em caso de covid-19 é com um invólucro e o enterro é feito em urna lacrada, não tem despedida, somente no cemitério”.

Diante do triste cenário, ele deixa um conselho: “A gente tem que guardar na lembrança os melhores momentos que passamos com nossos familiares, pois, infelizmente, naquele momento não podemos ver mais, dar um abraço nem se despedir… É muito triste”.