São Paulo – O Brasil perdeu 23.565 leitos na rede pública do SUS (Sistema Único de Saúde) entre 2010 e 2015, segundo levantamento divulgado ontem pelo CFM (Conselho Federal de Medicina). A redução é de 7% passou de 335.482 para 311.917. De acordo com a organização, as maiores perdas são em psiquiatria, obstetrícia, pediatria e cirurgia geral. A oferta de UTI também é apontada como aquém da necessidade.
O conselho avalia o quadro como alarmante. Os dados foram extraídos do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil, do ministério. O Ministério da Saúde disse que a redução tem relação com as mudanças na Política Nacional de Saúde Mental, voltadas à “desospitalização”, e investimentos do ministério em novos modelos.
“Houve um relevante movimento de fechamento de leitos em hospitais psiquiátricos, em 2002 eram 51.393 leitos SUS em hospitais psiquiátricos, em 2010 eram 32.735, em 2015, eram 25.009, representando uma redução de 51,3%”, disse em nota.
“A redução no número de leitos se deve também ao investimento que o Ministério da Saúde tem feito em novos e diferentes arranjos do modelo de atenção, como o fortalecimento da Atenção Básica e a ampliação de cirurgias ambulatoriais e de outros tratamentos realizados em âmbito ambulatorial. Podemos ressaltar, ainda, a introdução de novas técnicas e tecnologias cirúrgicas, de diagnósticos e de tratamento que possibilitou a diminuição da média de permanência no leito, permitindo uma maior rotatividade na ocupação dos leitos.”
As maiores reduções aconteceram, proporcionalmente, no Rio de Janeiro (22%), Sergipe (20,9%), Distrito Federal (16,7%), Paraíba (12,2%), Goiás (11,5%) e Acre (11,5%). Sete estados, porém, registraram aumento no número de leitos no período: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amapá, Tocantins, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Pacientes nas emergências
A OMS (Organização Mundial de Saúde) e a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) não recomendam ou estabelecem taxas ideais de número de leitos por habitante. Pelo levantamento, porém, é possível observar que, em relação a outros países com sistemas universais de saúde, o Brasil tem indicadores piores.
Para a entidade, a insuficiência de leitos é um dos fatores que aumenta o tempo de permanência dos pacientes nas emergências. O problema faz com que eles acabem “internados” nos pronto-socorros à espera do devido encaminhamento. Essa seria a principal causa da superlotação e do atraso no diagnóstico e no tratamento, que, por sua vez, aumentam a taxa de mortalidade.
Relatório da OMS que considerava os períodos entre 2006 e 2012 apontava que o Brasil possuía 2,3 leitos hospitalares (públicos e privados) para cada grupo de mil habitantes. A taxa era equivalente à média das Américas, mas inferior à média mundial (2,7) ou as taxas de países como Argentina (4,7), Espanha (3,1) ou França (6,4).