
Segundo Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), perguntas inusitadas são usadas com frequência por entrevistadores. Não há certo ou errado. Normalmente, a empresa quer entender o comportamento do candidato, sem dizer exatamente o que está procurando.
? Quando você faz uma pergunta dessas, não quer saber a resposta, mas sim a criatividade, a rapidez do pensamento do candidato. É uma forma de avaliar algumas características de forma indireta, por uma questão de sigilo no processo ? explica o especialista.
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No Brasil, questões éticas são recorrentes em processos seletivos, conta Sardinha. Perguntar se o candidato subornaria o guarda se fosse parado em uma blitz dirigindo sem habilitação é um dos clássicos. Outra comum: o que você faria se encontrasse dinheiro na rua? Embora as respostas corretas pareçam óbvias, o consultor explica que o entrevistador observa tudo, inclusive traços de hesitação.
? O bom entrevistador tem ouvido treinado e chega perto de um acerto muito grande para diferenciar o que é verídico e o que não é. Tem o feeling natural, além de técnicas que ele é preparado. Quando você faz entrevistas dá para perceber que perguntas causam sensação de incômodo, como as pessoas reagem ? explica. ? Uma coisa é dizer um ?não? com certeza e outra é hesitar.
E o que fazer diante de uma pergunta pegadinha? Segundo Sardinha, o importante é manter a calma, em vez de dizer a primeira coisa que vem à mente. Até um honesto ?não sei responder isso? vale.
? É admissível que ele diga: ?nunca pensei sobre o assunto, deixa eu pensar um pouco mais?. Uma pessoa que, diante de uma situação, não tem uma resposta de bate-pronto e para para pensar, diria que é mais bem percebida que uma pessoa que dá uma resposta sem pensar. Seria uma reação pouco racional ? afirma o especialista.
Na dúvida, a dica é ser direto, lembrando que quem está do outro lado do balcão está atento às fragilidades do entrevistado e provavelmente perceberá quando o candidato não tem nada a dizer.
? A postura correta, objetiva, ética, sincera, é fundamental. Via de regra, o candidato tem do outro lado um entrevistador muito mais preparado que ele, uma pessoa que já passou por várias experiências. O atalho é falar a verdade, valorizar as qualidades, admitir os defeitos. Às vezes é preciso cinco minutos para o recrutador decidir se o candidato vai ser aprovado ou não.