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Antiga Rodoviária: Com obra entregue, ‘coração da cidade’ mudou de cenário

Descubra como a revitalização da Rodoviária de Cascavel transformou o coração da cidade em um espaço mais leve e seguro - Foto: Paulo Eduardo
Descubra como a revitalização da Rodoviária de Cascavel transformou o coração da cidade em um espaço mais leve e seguro - Foto: Paulo Eduardo

Cascavel e Paraná - Quem caminha ou passa de carro pela região da antiga Rodoviária de Cascavel, no “coração da cidade”, se surpreende pela mudança significativa que alterou totalmente o local que antes era “praticamente abandonado”. As obras da nova Avenida Carlos Gomes, oficialmente entregues nesta terça-feira (20) – depois de 20 meses de andamento – foram as grandes responsáveis pela remodelação dos espaços que passaram a ter um ar mais leve e sereno em pleno centro da cidade.

A reportagem do Hoje Express esteve em agosto do ano passado visitando o local e conversando com os comerciantes e com a própria população que acompanhava de perto as mudanças, que como a grande parte das obras, trouxeram uma série de transtornos, mas que agora finalizadas, trouxeram até mais segurança a quem está sempre por ali, ou de passagem ou ainda tem um comércio na região.

Foto: Paulo Eduardo

A famosa mão inglesa

A principal via é a Avenida Carlos Gomes que corta a Travessa Jarlindo João Grando e a famosa mão inglesa. As duas vias foram revitalizadas e receberam um grande diferencial: o paver em formato de pinhão – que foi planejado especialmente para estas duas vias – é tricolor e deu um ar de modernidade as duas vias, mas uma diferença entre as duas chama a atenção, já que na Jarlindo é proibido estacionar em ambos os lados da vida, toda em paver, mas na mão inglesa está liberado.

André Luiz Gonzaga Silva é dono de um hotel que fica na Travessa Jarlindo e reclamou da situação. Para ele, os comerciantes foram prejudicados com esta decisão, já que como ele tem um hotel, precisa receber mercadorias ou ainda os passageiros com problemas de mobilidade. “Se alguém parar aqui e a Transitar flagrar é multado na hora. Eles precisavam ter pensado nisso, porque fica muito longe para recebermos mercadoria”, relatou.

Outra dificuldade, segundo o empresário, é que quem sobe pela mão inglesa não consegue ter acesso à Travessa Jarlindo, tendo que pegar a Carlos Gomes e dar uma volta enorme para poder acessar. A saída encontrada por eles foi de pedir liberação ao posto de combustível que fica em frente, para os carros poderem acessar a via pelo posto, evitando assim essa volta.

‘Escritório no banco’

Um dos grandes desafios da Secretaria Municipal de Segurança Pública era o de conseguir reduzir o número de moradores de rua que se acumulam em toda a região da antiga Rodoviária. “A obra pronta aliviou um pouco a situação, mas o que percebemos é que os bancos que colocaram na Jarlindo são o verdadeiro escritório deles, onde dormem e comercializam as drogas em qualquer horário do dia”, apontou o empresário.

Na mão inglesa os bancos não foram colocados paralelos à rua, já que ali os carros podem estacionar, mas em ambas as vias, muretas foram construídas em toda a sua extensão, de certa forma protegendo o comércio de possíveis acidentes com carros e para delimitar a via que ficou inteira de paver. As duas também receberam lixeiras e floreiras modernas, contêineres para o descarte de lixo orgânico e reciclado e uma iluminação diferenciada com postes mais baixos e luminárias decorativas.

Pouco conhecida

Antes da revitalização a travessa acabava sendo pouco conhecida, mas ela leva o nome de Jarlindo João Grando, um dos pioneiros da cidade e que nesta rua há muitas décadas abriu a primeira alfaiataria da capital do Oeste, a “Alfaiataria Erechim” que foi desativada há alguns anos, após o falecimento de sua esposa. Entre a Rua Duque de Caxias e a Avenida Carlos Gomes várias lojas estão fechadas, mas ainda tem algumas como, uma loja de esportes, o hotel, restaurante, salão de beleza, escritório de advocacia, sebo de livros e loja de festas e fantasias.

Quando iniciou a obra, a proposta anunciada pelo Poder Público era de, em médio prazo, o local abrigar uma “feira de pulgas”, um calçadão para a venda de antiguidades, como existem em outras cidades. Mas nada ainda deste projeto está sendo executado e a princípio, sem prazo para sair do papel. Outra mudança aconteceu também na Travessa Otacílio Mion, que passa em frente à Rodoviária Velha.

Depois que a obra iniciou, alguns prédios melhoraram também a estética recebendo tinta colorida, entre eles, um prédio antigo e bastante conhecido que fica na Carlos Gomes, entre a Jarlindo Grando e a mão inglesa. Agora bonito e com colorido ele segue firme e forte.

Comércio inteligente

Um projeto que continua em andamento na região do Centro Cívico é o “Programa Comércio Inteligente”, focado em renovar o varejo de rua na cidade, está sendo desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a Prefeitura Municipal de Cascavel e a Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel). O objetivo principal é transformar o comércio do espaço da antiga rodoviária “em um ecossistema colaborativo e competitivo”.

Para isso, diversas capacitações já foram realizadas visando preparar os empresários para enfrentar os grandes players do mercado.

Foi feito um mapeamento da região que está sendo revitalizada e, somente lá, existem mais de 150 empresas e deste total, cerca de 40 estão envolvidas no programa e 19 delas estão participando em uma previsão de cerca de dois anos de ações. A iniciativa busca trabalhar temas como experiência e personalização, além da inteligência de dados, para criar um senso de comunidade entre os comerciantes de rua. Já a partir do próximo ano, o foco será no eixo de inovação, trazendo conhecimentos sobre tecnologia, dados, oportunidades e soluções que podem fazer a diferença para as empresas. Também quer melhorar a gestão dos empresários da mão inglesa para que seja criado um espaço de inovação, sustentabilidade e tecnologia.