Cotidiano

Anistia adverte para violações de direitos fundamentais na Venezuela

CARACAS – A organização Anistia Internacional (AI) alertou nesta segunda-feira que foram registradas na Venezuela “graves violações” aos direitos humanos (DH) pela falta de acesso da população a alimentos e remédios.

“A Venezuela está passando por uma encruzilhada importantíssima em sua história com graves violações aos DH; aos direitos fundamentais das pessoas que têm que viver com sua alimentação básica, com acesso a remédios básicos”, afirmou em Caracas a diretora para a América da Anistia Internacional, Erika Guevara-Rosas.

Após um encontro com familiares de políticos presos, na sede do Parlamento venezuelano, Guevara assegurou que na Venezuela há “uma situação de grave polarização política que não permite que o Estado cumpra suas responsabilidades de proteção aos direitos humanos”.

A Venezuela tem a inflação mais alta do mundo – oficialmente de 180,9% em 2015 e projetada para 700% em 2016 pelo FMI – e sofre uma escassez de ao menos 80% dos alimentos básicos, por isso a população tem que enfrentar longas filas para comprar produtos a um preço subsidiado.

A ativista da Anistia Internacional informou que conversará com pessoas que se encontram nas filas, para escutar “os depoimentos das pessoas que hoje são mais afetadas e vulneráveis em seus direitos humanos”.

Guevara manifestou que o “principal interesse” da visita da AI é colaborar com as autoridades, membros da sociedade civil e ativistas de direitos humanos, para alcançar “uma solução pacífica” à crise que afeta a população.

A ativista lamentou que a América Latina e o Caribe enfrentem “grandes retrocessos em questão de direitos humanos”.

Nas últimas semanas aumentaram os protestos, roubos e confusões em supermercados em diferentes cidades do país, diante do agravamento da escassez de alimentos e remédios.

Uma mulher morreu nesta segunda-feira em uma tentativa de assalto no leste da Venezuela, após receber vários tiros.

Marco Ponce, da ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social, afirmou à AFP que nos primeiros quatro meses do houve 94 roubos e 72 tentativas de roubo.