O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) do Paraná em 2019 pode somar R$ 93 bilhões, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Esse resultado, caso se confirme, indica um ganho de 3,4 % em relação ao VBP de 2018, que foi de R$ 89,78 bilhões.
A versão preliminar do relatório, que inclui o faturamento de mais de 300 produtos da agropecuária e o desempenho das regiões e municípios paranaenses, tem divulgação prevista para o mês de junho, mas já é possível sinalizar alguns índices relativos aos principais produtos do Estado, que representam cerca de 75% do total.
Responsáveis pela maior participação no faturamento, os produtos da agricultura podem somar R$ 38,8 bilhões ao valor total do VBP, uma participação próxima a da safra 2017/2018, que chegou a R$ 39,3 bilhões. Com a quebra de 16% na safra de soja, de 19 milhões de toneladas na safra 17/18 para 16 milhões de toneladas na safra 18/19, estima-se uma perda de R$ 3 bilhões no VBP. Já o trigo apresentou redução de 24% na produção. “No entanto, esses desempenhos foram compensados pelo valor do milho na segunda safra, que teve aumento de 1% nos preços. Além disso, a produção passou de 9 milhões de toneladas em 2018 para 13 milhões em 2019, representando ganho de R$ 2 bilhões sobre a renda de 2018, que foi de R$ 6,6 bilhões”, explica a técnica do Deral responsável pela elaboração do relatório, Larissa Nahirny.
O feijão teve valorização dos preços das três safras, com aumento da produção da segunda e terceira safra, e ganho estimado em R$ 600 milhões no VBP 2019.
O secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, diz que os números refletem bem o comportamento econômico do setor em 2019. “Com a quebra da safra de soja e do trigo, tivemos uma perda de potencial econômico do Paraná, compensada parcialmente pelo incremento da produção, das exportações, do comércio de proteínas animais, que tiveram uma valorização importante, e com isso temos esse ganho positivo em relação a 2018”, diz.
Quanto aos produtos florestais, a expectativa é de redução da participação no valor total. A renda do setor manteve-se estável nos últimos anos, com participação média de 5% no VBP. Porém, como os outros segmentos estão em fase de expansão, há tendência de redução no índice relativo a esses produtos.
PECUÁRIA – Inicialmente, estima-se um bom desempenho para a pecuária paranaense no VBP de 2019, com valor de produção aproximadamente 10% superior ao de 2018, em decorrência dos preços melhores.
De acordo com a estimativa do Deral, o VBP de 2019 deve acrescentar R$ 3 bilhões sobre 2018, totalizando R$ 30,9 bilhões. Esse valor considera os principais produtos, como frango de corte, bovinos, suínos, leite e ovos. Mesmo sem alteração significativa na produção, a avicultura registrou preço 12% superior ao de 2018, e o rendimento desse produto, de 2018 para 2019, deve crescer aproximadamente R$ 1,8 bilhão.
Com relação aos bovinos, a redução da oferta de carne em 2019 teve impacto no valor da produção, que caiu cerca de 10%. O aumento dos preços no final de 2019 não foi suficiente para garantir ganho do VBP. O leite também registrou uma produção maior e aumento nos preços. A carne suína apresentou preço 21% maior e produção menor, e o VBP 2019 dessa atividade deve ficar próximo a 3,5 bilhões, ou seja, R$ 400 milhões a mais na renda de 2018.
PERSPECTIVAS PARA 2020 – O Departamento também iniciou as projeções para o VBP 2020. Embora o ano ainda esteja no início, já é possível identificar um potencial de R$ 3 bilhões a mais para a soja, que tem uma expectativa de produção superior a 20 milhões de toneladas. “Assim, mesmo com uma eventual queda no valor da saca (hoje em R$ 77,77), o VBP pode subir para R$ 22 bilhões”, diz a técnica do Deral.
Para este ano, há uma tendência de aumento de preços dos grãos pela questão cambial de valorização do Real. Além disso, a valorização dos preços das proteínas pode representar ganho para o VBP. Segundo o chefe do Deral, Salatiel Turra, a alta do dólar eleva os custos de produção, pois pressiona o preço dos insumos. “Por outro lado, ela favorece o agronegócio paranaense ao melhorar a competitividade dos nossos produtos no mercado internacional”, diz.
O coronavírus trouxe incertezas, tendo em vista seu potencial para reduzir a atividade econômica global, o que pode influenciar a demanda tanto da agricultura quanto da pecuária.
Outro fator decisivo neste ano, segundo Larissa, é a peste suína, cujos efeitos devem continuar impactando a oferta de suínos da Ásia. “A tendência é de que a China siga demandando mais proteínas animais de outros países para compensar as perdas em seu rebanho”, acrescenta a técnica do Deral.