Produtores paranaenses reforçaram posicionamento contrário à possibilidade de o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reduzir o teor de umidade da soja no padrão oficial de classificação da oleaginosa. O tema foi abordado nesta segunda-feira (20), em reunião da Comissão Técnica (CT) de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP. A entidade já tinha se manifestado oficialmente contra a redução do índice de umidade do grão.
Hoje, os critérios de classificação da soja permitem que o grão tenha até 14% de umidade. Uma das propostas estudadas pelo Mapa visa reduzir esse índice a 13%, sob o argumento de que a mudança seria necessária para cumprir uma exigência da China. Na reunião da CT da FAEP, a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou um levantamento apontando um prejuízo de pelo menos R$ 3,5 bilhões aos agricultores, considerando-se apenas o volume de produção da safra atual. O montante equivale a uma quebra de 1,7 bilhão de toneladas de soja.
“Nós pedimos mais prazos ao Mapa, para entendermos os impactos que essa redução implicaria. Mas do jeito que está, o primeiro a ser descontado será o produtor”, disse o presidente da Comissão Nacional de Cereais da CNA, Ricardo Arioli Silva. “O produtor vai ter desconto na hora da entrega [da produção]. Quem já tem secador, pode chegar aos 13%, mas vai ter um custo maior nesse processo. O prejuízo mínimo é de R$ 3,5 bilhões, mas pode chegar a R$ 6 bilhões”, acrescentou.
O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, enfatizou que o produtor paranaense já faz o seu papel da porteira para dentro, utilizando tecnologias que preservam o solo e garantem maior produtividade. Além disso, o sistema sindical rural vai se posicionar contrário a qualquer medida que impacte a competitividade do setor agropecuário.
“O produtor não pode ficar com esse custo. Nós vamos exercer nosso papel, fazendo a interlocução com nossos agentes políticos no Congresso Nacional para evitar que essa medida seja implementada pelo Mapa”, disse Meneguette. “Outros elos da cadeia, como exportadores e traders, estão querendo jogar esse custo no nosso colo, pressionando o Ministério. Mas a FAEP está articulando uma reação junto à Frente Parlamentar Agropecuária [FPA]”, reforçou o presidente da CT de Grãos da FAEP, José Antonio Borghi.