Gilson Delmar Migliori de Lima, agricultor de Enéas Marques, no Sudoeste do Estado, é o primeiro paranaense impactado pelo Banco do Agricultor Paranaense. Ele assinou um contrato para investir em um desensilador. Segundo o produtor, a aquisição do equipamento para torrar silagem facilita seu trabalho na Comunidade Linha Rio Vitória, que trabalha com produção de leite em uma das maiores bacias.
“Conseguimos tirar a silagem e tratar pela máquina, coisa que antes era feita manualmente. Isso facilita a mão de obra, faz ganhar tempo e ainda permite aumentar a produção futuramente”, diz o agricultor.
Ele tem 25 animais na ordenha, e, com a máquina nova, almeja aumentar para 50 o número de animais já no próximo ano, de olho na retomada da economia. “Eu achei o financiamento muito bom, acessível e nos permite fazer este tipo de investimento”, afirma Delmar.
Além dele, também com uma fábrica de leites, a Chácara Rino, em Carambeí, nos Campos Gerais, deu um passo importante para seu negócio. Com mais de mil animais, Mariane Petter Hoogerheide, proprietária da empresa, quer diminuir os custos para aumentar a produção. Por isso, contratou crédito por meio do Banco do Agricultor Paranaense para investir em um gerador de energia fotovoltaica.
“Para manter este gado, gastamos muita energia. É ventilador, resfriador, equipamento para retirada de leite. Com este novo gerador, poderemos economizar 60% dos nossos gastos atuais. E, além do benefício financeiro, esse investimento também é positivo para o meio ambiente”, afirma.
São dois exemplos do público-alvo planejado pelo programa lançado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior em abril de 2021. Com imenso potencial agrícola, o Governo do Estado, por meio da Fomento Paraná e da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento, lançaram essas linhas estratégicas de financiamento voltadas ao desenvolvimento sustentável, à inovação tecnológica e à melhoria da competitividade e da qualidade dos produtos paranaenses, por meio de subsídios para baratear o crédito empregado na modernização das propriedades rurais.
O programa conta com a participação do Banco do Brasil, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e de cooperativas de crédito, e tem como objetivo ajudar pequenos e médios agricultores a investir.
“Qualquer lugar do mundo só vira uma potência quando descobre o que faz de melhor. No Paraná o que sabemos fazer de melhor é produzir alimentos. Hoje, exportamos comida para centenas de países e o agronegócio é responsável por cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do nosso Estado. Então, o Governo tem responsabilidade de incentivar a criação de um ambiente de negócios que favoreça o setor”, destaca Ratinho Junior.
O Paraná é um estado reconhecido pelo agronegócio, setor que representa 34% do PIB total do Paraná. Ou seja, de cada R$ 100 produzidos num ano, R$ 34 estão relacionados ao agronegócio. O Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP) está na casa de R$ 128 bilhões e o campo e suas vertentes também respondem por 80% do esforço exportador do Paraná, com balança comercial superavitária.
Segundo o secretário estadual de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o programa é uma aposta ousada e inédita no País para subsidiar modernizações e resolver gargalos históricos. Já há 314 projetos encaminhados, totalizando R$ 32 milhões em potencial de crédito. Ele também afirma que esses projetos contam com o apoio dos técnicos do IDR-Paraná, responsáveis pelo atendimento aos produtores em todos os municípios.
“Estamos reservando recursos para facilitar e baratear o dia a dia dos produtores rurais, principalmente daqueles pequenos que têm aspirações de crescimento, e tudo com o apoio dos nossos servidores que auxiliam o trabalho do campo. O agronegócio paranaense emprega milhares de famílias e tem margem para crescer com sustentabilidade e responsabilidade”, destaca.
BANCO – Por meio do programa, o Estado vai compensar o agricultor com o reembolso de até 3 pontos porcentuais do juro contratado junto às instituições financeiras que trabalham com crédito rural. Ou seja, dependendo do enquadramento dentro do programa e das condições do empréstimo, o financiamento será a juro zero para o agricultor, com os encargos ficando sob responsabilidade do Governo. Há, ainda, carência mínima para o pagamento da primeira prestação, variável de acordo com cada linha de crédito.
“O Banco do Agricultor Paranaense é um instrumento criado para amenizar os desequilíbrios regionais por meio de uma política de juros diferenciada, que visa fortalecer a atividade produtiva nas regiões menos desenvolvidas”, afirma o diretor-presidente da Fomento Paraná, Heraldo Neves. “O objetivo é atender o produtor rural com ênfase na agricultura familiar, pequenas cooperativas, associações de produtores e agroindústrias familiares, visando o apoio, entre outras coisas, à produção orgânica, ao manejo sustentável de florestas e o estímulo ao uso de fontes alternativas de energia”.
De acordo com o Sicredi, cooperativa de crédito que atua como parceira do programa, operacionalizando os financiamentos na ponta, os produtores paranaenses já começaram a descobrir os benefícios do Banco do Agricultor Paranaense em seus próprios negócios.
“Quando vimos o Banco do Agricultor Paranaense, identificamos um potencial para levar uma melhor condição aos associados, promovendo o desenvolvimento regional”, afirma Gilson César Winkelmann, gerente da agência do Sicredi em Enéas Marques, onde foi realizado o primeiro contrato com apoio do programa.
Vendo a diferença que está fazendo logo em seus primeiros meses de projeto, o vice-presidente e diretor de operações do BRDE, Wilson Bley, diz que o objetivo do Banco do Agricultor Paranaense é revolucionar o setor. “Nós queremos um programa voltado ao desenvolvimento sustentável, a inovação tecnológica e a melhoria da competitividade dos produtos paranaenses”, diz.
O programa também ataca diretamente os desafios permanentes do Estado, que são aumentar a eficiência do uso dos recursos naturais e dos sistemas de produção. Ou seja, produzir mais e melhor, com menos recursos.
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