Agronegócio

Preço da arroba do boi continua “ladeira abaixo” na Região Oeste

Preço da arroba do boi continua “ladeira abaixo” na Região Oeste

Cascavel – Embora tenha se recuperado no volume (+11%), pelo quarto mês consecutivo as exportações totais de carne bovina, em maio, apresentaram queda na receita em 11%. O faturamento total atingiu US$ 965,2 milhões ante US$ 1,086 bilhão no mesmo período do ano passado. As informações foram repassadas à reportagem do Jornal O Paraná pelo Sindicarne-PR e Abrafrigo.

Enquanto isso, o preço da arroba do boi segue ladeira abaixo, conforme o pecuarista Severino Folador. No ano passado, a arroba do boi neste período estava em R$ 330. Hoje, a realidade é bem diferente, com a arroba vendida a R$ 235. “Ainda não chegamos ao fundo do poço e nem estamos enxergando a luz no fim do túnel”, comenta o agropecuarista. A tendência é de queda do preço-base no mercado comum.

De um ano para cá, são R$ 100 a menos no valor da arroba. Ou seja, com um animal de 20 arrobas são R$ 2 mil a menos no bolso do produtor, em média. Pegando como exemplo a Padrão Beef, cooperativa de carne premium da região com frigorífico em Lindoeste, que abate mil animais por mês, são R$ 2 milhões que deixam de circular no comércio. “É assustador o que vamos ver na sequência. O estrago será grande, principalmente no PIB vindouro”.

Por outro lado, o impacto no Oeste não será tão intenso como o que será sentido no noroeste, onde a presença da bovinocultura de corte é mais intensa. “Hoje, o abate está estagnado e o consumo interno ainda não reflete diretamente ao consumidor”. Segundo Folador, hoje a carcaça chega ao supermercado na faixa de R$ 15 a R$ 16, o quilo, ou seja, é meio boi, desde o dianteiro até o traseiro. “Até o momento, o consumidor não desfruta do privilégio dessa grande baixa, estimada em 33%”.

O pecuarista lembra que desde 2003, não se abateu tantas matrizes como nos últimos tempos, por conta do boom no preço da soja registrado no ano passado. “Muitos trocaram o pasto pelos grãos”. E é justamente por isso que houve essa queda na cotação do boi, por conta da oferta exagerada de matrizes e novilhas para abate. O atual cenário vai começar a mudar nos próximos dois, três anos, gerando a alta do preço do boi por conta da falta de reposição.

Voltando às exportações, a movimentação foi de 200.849 toneladas frente a 180.387 toneladas em maio de 2022. O preço médio de maio de 2022 foi de US$ 6.030 por tonelada e o de maio de 2023 alcançou US$ 4.805 por tonelada.

Queda de 24%

Segundo a Abrafrigo, no acumulado ano, as exportações totais proporcionaram uma receita de US$ 3,847 bilhões para uma movimentação de 840.419 toneladas, com quedas de 24% na receita e de 8% no volume, em relação ao mesmo período do ano passado, com US$ 5,086 bilhões e 909.362 toneladas, respectivamente. Nestes primeiros cinco meses de 2023, o preço médio obtido por tonelada foi de US$ 4.578. No ano passado, até maio, o preço médio foi de US$ 5.593.

A China continua absorvendo a maior parte da exportação brasileira de carne bovina. Em maio, o país importou 112.338 toneladas do produto, frente a apenas 40.909 toneladas em abril passado. Nos primeiros cinco meses do ano, as importações chinesas alcançaram 381.447 toneladas (45,4% do total) e a receita US$ 1,911 bilhão (49,7% do total). No ano passado, no mesmo período, as exportações apresentaram uma receita de US$ 2,922 bilhões e movimentação de 440.043 toneladas, sem os efeitos da suspensão das compras devido a confirmação do caso atípico de EBB (“vaca louca”).

Os Estados Unidos continuam em segundo lugar na lista dos 20 maiores clientes do Brasil. Nos primeiros cinco meses do ano compraram 93.307 toneladas, frente a 90.597 toneladas até maio do ano passado (+ 3%), com receita de US$ 413 milhões (queda de 17,3%, frente a US$ 499 milhões até maio de 2022). O Chile ficou em terceiro lugar, com compras de 30.874 toneladas em 2022 e de 34.447 em 2023 (+ 11,6%). Em quarto lugar, o Egito importou 38.579 toneladas neste ano, contra 66.813 toneladas no ano passado (-42,3%). Hong Kong ficou na quinta posição, ampliando suas aquisições de 41.424 toneladas para 43.437 toneladas. Os Emirados Árabes ficaram na sexta posição, com importações de 21.697 toneladas em 2022 e de 22.837 toneladas em 2023 (+ 5,3%). No total, 71 países aumentaram suas importações nos cinco primeiros meses de 2023, enquanto outros 80 diminuíram.

Crédito: Vandré Dubiela / Arquivo O Paraná