Agronegócio

Paraná em estado de alerta com surto de Influenza Aviária na América do Sul

Avicultural de corte. Foto Jonas Oliveira/ANPr
Avicultural de corte. Foto Jonas Oliveira/ANPr

Cascavel – O Paraná está em estado de alerta com os casos de Influenza Aviária registrados em países da América do Sul e que não param de aumentar. Conforme o mais recente boletim divulgado pela OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) e OMS (Organização Mundial da Saúde), já são 25 casos confirmados em quatro países (Equador, Venezuela, Peru e Colômbia). Do total de casos, a maioria está concentrada na Colômbia, totalizando 22 em diferentes áreas rurais do país, afetando pequenas criações domésticas ou de subsistência. Nos demais países, os casos envolvem pelicanos.

Em entrevista ao Jornal O Paraná ontem (6), o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, admite a preocupação com o crescimento dos casos na América do Sul. Em contrapartida, Ortigara lembrou que o Paraná é referência mundial em sanidade avícola, tanto que ontem e hoje (7), a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) realiza um reforço na capacitação de 21 médicos-veterinários de cada regional da Adapar existente no estado. O Paraná é primeiro estado brasileiro a fazer este treinamento tendo em vista o surto registrado na América do Sul.

“O Paraná tem participação importante na produção e comércio mundial de aves, juntamente com Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A preocupação existe pois os casos são em países presentes no nosso continente. Temos feitos grandes esforços para proteger esse grande ativo econômico do Estado”, disse Ortigara ao O Paraná. “A Adapar tem reforçado toda a vigilância ativa, com a busca constante de informações e por meio de parcerias com laboratórios, garantindo uma retaguarda e um contato estreito com o Ministério da Agricultura”, completou.

A biosseguridade é um recurso indispensável aos milhares de aviários que produzem frango de corte, com a restrição ao acesso de pessoas estranhas, com protocolo rígido e a proteção do ingresso de animais silvestres nos aviários, com o uso de tela nos barracões para que não haja acesso de possíveis fontes de contaminação. “Estamos reforçando nossa capacidade de ação para evitar a entrada da Influenza Aviária no Paraná”.

Isolamento

O modelo técnico de prevenção poderá levar o Paraná a pedir ao Ministério da Agricultura, que isole o Paraná ou o Sul dos demais estados brasileiros em caso de registro da doença em outra localidade do Brasil, com o propósito de não afetar o status de biossegurança paranaense. “Assim como foi feito com a peste suína clássica, quando conseguimos tornar o Paraná uma unidade autônoma, independente, como se fosse um país isolado para a enfermidade”. Por exemplo, se algum caso ocorrer na fronteira com a Bolívia, que as restrições mundiais não afetem o Paraná. “Estamos atentos e agindo. Se for necessário, daremos esse passo”, admitiu o secretário Norberto Ortigara.

O Paraná é o segundo produtor de geração de valor no meio rural do Brasil. “Mais de 40% das exportações de aves do Brasil são provenientes do Paraná. O setor ainda está em crescimento e tudo precisa ser feito para evitar a entrada da Influenza Aviária”.

Treinamento

O gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, também falou ao O Paraná sobre o assunto. Os médicos-veterinários da Adapar participam de treinamento em Curitiba e na Lapa, tanto teórico como prático, respectivamente.  “Após as notificações dos países da América do Sul, sentimos a necessidade de fazer um treinamento mais específico, que começou a ser planejado em novembro”.

Estamos em estado de alerta, admite Rafael Gonçalves Dias. “A Influenza Aviária causa prejuízos econômicos significativos por isso, toda a atenção precisa ser redobrada”. Segundo ele, a avicultura possui a cadeia mais organizada dentro do quesito biosseguridade. “Estamos preparados desde 2007”, comenta, destacando a importância da vigilância ativa, que considera na coleta de dados no campo, trabalho feito exemplarmente pelo Estado.

A coordenadora estadual do Programa de Sanidade Avícola do Paraná, Pauline Sperka, destaca que o Paraná cumpre com todas as normativas preconizadas pelo Ministério da Agricultura, com o registro de todas as granjas comerciais, visando a biosseguridade, para evitar o acesso de doenças, tais como a Influenza Aviária. “Também cumprimos com o Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária e doença de Newcastle, com o atendimento de todos os casos suspeitos no período indicado de 12 horas”.

Todo o Brasil implantou em julho a Vigilância Ativa, que considera na visita às propriedades para coleta aleatória de amostras nas propriedades com aptidão avícola. “Até agora não houve registro. Historicamente, nunca ocorre qualquer caso no Brasil. Somos livres da influenza de alta patogenicidade”.

Em casos de sintomas aparentes, o produtor precisa imediatamente comunicar uma unidade da Adapar mais próxima. Ele precisa ficar atento a um índice de mortalidade de aves superior a 10% em menos de 72 horas, isso para as granjas comerciais. É preciso ainda perceber aves com sinais clínicas, com alterações nervosas, respiratórias e digestórias. O outro gatilho é o aumento dos ovos mal formados e a queda de postura.

Foto: ABR