Agronegócio

“Astros” nas festas de fim de ano, suínos seguem enfrentando crise

O mercado de suínos em 2022 permanece desanimador para os criadores

“Astros” nas festas de fim de ano, suínos seguem enfrentando crise

Já encomendou o “leitãozinho” para as festas de “Fim de Ano? A carne suína é ingrediente tradicional neste período e tem uma tradição que se mistura à fartura e prosperidade. Porém, a suinocultura chega ao final de 2022 enfrentando severos dilemas e gargalos. A atividade vem lutando para não sucumbir às adversidades. Uma sucessão de fatores negativos mina a resistência dos produtores ainda dispostos a defender e viver na atividade.

O mercado de suínos em 2022 permanece desanimador para os produtores. Quando se compara o valor pago ao produtor independente, a realidade é ainda mais cruel. De janeiro a setembro, o quilo do suíno pago ao produtor era de R$ 7,11. Hoje, a realidade é bem diferente, com o valor de comercialização a R$ 5,97 em comparação ao mesmo período. Em suma, a perda é de 19%. Por outro lado, é preciso colocar na balança o elevado custo de produção, que de janeiro a setembro do ano passado estava em R$ 6,96 e agora, é de R$ 7,55, gerando um aumento de 8%. Isso representa uma perda real de 27%, somando a diferença entre o custo de produção e o valor recebido.
Sentindo na pele o peso deste fardo em torno da margem de prejuízo desde o ano passado, ele só se acentuou neste ano. “O pior retorno de venda com relação ao custo de produção foi em março, chegando a vender R$ 3,80, R$ 4, por algumas semanas, com custo real de R$ 7,50”, comenta o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivânio Luiz de Lorenzi, em entrevista concedida ao Jornal O Paraná. Para ele, esse cenário provocou desespero na atividade gerando inclusive manifestações como forma de mostrar a realidade e de tentar sensibilizar o governo federal a acenar com alguma ajuda. “Mas nada aconteceu”, resumiu.

Só 2024
O milho, insumo primordial para alimentação dos suínos, também provocou impactos nada positivos principalmente quando chegou ao patamar de R$ 100 a saca. “Observarmos uma demanda forte para fazer etanol de milho e não entendo porque temos que disputar o grão com o tanque de combustível. O milho deveria ser destinado apenas para fins de proteína animal ou consumo humano”, defende.
O setor demonstra temeridade com a expectativa distante em relação à mudança de cenário, com o custo de produção cada vez mais alto e uma possibilidade remota de estabilidade a curto ou médio prazo. “Até porque acreditamos que essa questão dos grãos somente irá voltar à normalidade em 2024”, arrisca Lorenzi. “É claro que não temos como prever quando vai cessar a guerra travada entre Rússia e Ucrânia, responsável por causar grandes reflexos no setor. A pandemia do novo coronavírus também afetou, além disso, tivemos um período de seca extremo desde o ano passado e observado neste ano e que tem prejudicado vários estados do Brasil, com a produção bem abaixo do esperado”.
A defesa da suinocultura é pela equalização para que a atividade independente possa fazer a diferença para as pequenas e médias propriedades. “Quando observamos o lado da indústria e das cooperativas, no início do ano o preço médio oscilava entre R$ 5,70 a R$ 5,80 pagos ao produtor. Em março, caiu para R$ 5,10 e hoje volta de novo ao patamar de R$ 5,60 a R$ 5,70, ou seja, também é preocupante, uma vez que ainda não possibilita uma remuneração justa ao produtor”.

Quando a sanidade faz toda a diferença

A sanidade é o grande diferencial de quem lida diariamente com a produção de suínos. Quando se observa um volume de produção considerável e de mão de obra qualificada, as cooperativas e indústrias fazem questão de investir. “Antes dos casos de peste suína na China, dez propriedades respondiam por 10% do plantel. Com a redução do número de casos, as mesmas propriedades passaram a deter 20% do plantel. Isso mostra que a concentração está cada vez maior”, enfatiza Losivânio Luiz de Lorenzi. Em contrapartida, o risco sanitário aumento na mesma proporção. “Por isso, precisamos ficar atentos à questão da sanidade do rebanho”. Segundo ele, a sanidade é o maior patrimônio da suinocultura nacional e é preciso preservar esse status para continuar atendendo a demanda mundial de carne suína e o povo brasileiro para uma segurança alimentar em franca expansão.
Com o mundo globalizado e interesse de vários países pela demanda do Brasil nessa questão de grãos, o custo de produção não muda muito de um estado por outro e também o preço pago ao suinocultor é praticamente o mesmo. Ou seja, a realidade de Santa Catarina não é diferente do produtor de suínos do Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. “É preciso se organizar como sistema cooperativo ou produtores que possam trabalhar em compras conjuntas, para que possamos agregar valor e reduzir custos”.

Previsão para 2023
O cenário para 2023 não é dos mais animadores para o segmento. As incertezas giram em torno da continuidade dos reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia e o cenário de instabilidade eleitoral do País. “É necessário ampliar a produção de grãos, para atenuar o custo de produção”. A equalização é o caminho para que o produzir tenha um horizonte promissor e receita para se manter na atividade, ter rentabilidade e qualidade de vida. Resta esperar para ver.

Você sabe por que comer carne suína no fim de ano?

A carne suína não pode faltar na mesa dos brasileiros nos festejos de Fim de Ano. E você sabe qual é a razão? Para entender o motivo, conversamos com o chef João Paulo Hisatugo, da Casa de João. “Não passa de uma crendice popular, pois o porco fuça para frente e as pessoas querem iniciam o ano avançando, progredindo”, explica Hisatugo.
Essa é a época do ano em que mais se consome carne suína, seja ele pernil, lombo ou tender. Os hebreus costumavam comer o pernil de cordeiro assado em suas festas, e no Brasil, o pernil suíno, mais popular, passou a ser mais consumido nas ceias. Além de muito sabor, é uma chance de variar o cardápio. O tender nem sempre fez parte da ceia do brasileiro. Ele só se tornou tradição na década de 1920. O prato é de origem norte-americana onde é chamado de “glazed ham” (presunto glaceado), e foi trazido pelo frigorífico Wilson, que hoje já não existe mais. O nome vem da frase “tender made”, feito com carinho, em português, impressa em embalagem de papel na época. O tender é um tipo de carne defumada, preparada a partir do pernil, um corte nobre do suíno. O prato é desossado e já vem pré-cozido, necessitando apenas de um cuidado final para servir na ceia de Natal.
Em geral, o consumo de suíno ainda é baixo no Brasil. Enquanto no mundo ele responde por 44% do total de carne consumida o boi, 29%, e o frango, 23%, no Brasil o porco amarga o terceiro lugar, com apenas 15% da preferência dos consumidores.

RECEITA

Pernil assado na cachaça e farofa de pão

Ingredientes
3 xícaras (chá) de cachaça (ou pinga)
2 folhas de louro
1 unidade de cebola grande picada
4 dentes de alho picados
1 unidade de pimenta-dedo-de-moça pequena picada
2 kgs de pernil aproximadamente
1 unidade de bouquet garni (amarrado de ervas) (salsa, alecrim, orégano, tomilho e manjericão)
7 unidades de pão amanhecido
100 gramas de margarina
1 unidade de cebola picada
1 dente de alho picado
3 unidades de banana-nanica picada
Sal a gosto
Salsa (ou salsinha) picada a gosto

MODO DE PREPARO

Em uma tigela, misture a cachaça, as folhas de louro, a cebola, o alho, o sal e a pimenta.

Coloque o pernil em uma assadeira e, com um garfo ou faca, faça vários furos.

Em seguida, despeje o tempero e com as mãos espalhe bem por todo o pernil.

Coloque-o em um saco plástico próprio, junto com o que restou de tempero na assadeira e o buquê de erva.

Feche o saco plástico e leve-o à geladeira por 24 horas, virando várias vezes para que o tempero penetre em toda a carne.

Retire o pernil do saco plástico, coloque-o em uma assadeira e regue com o tempero.

Tampe com papel alumínio e asse no forno, preaquecido, a 200 °C por aproximadamente 5 horas, regando-o com o caldo que se formou na assadeira.

Retire o papel alumínio, o ramo de ervas e deixe dourar.

Farofa: Em uma frigideira derreta a margarina, doure a cebola e o alho. Junte o pão ralado e mexa até umedecer todo o pão. Tempere com o sal e a pimenta. Junte as rodelas de banana, a salsa e desligue o fogo. Coloque o pernil em uma travessa, ao redor a farofa. Se quiser, engrosse o molho que se formou na assadeira com um pouco de amido de milho e sirva com a carne.