Agronegócio

Agronegócio: Temor pela falta de defensivos eleva a importação no Paraná

Para o sindicato, o mercado de defensivos agrícolas no Paraná representou 10% da aplicação total brasileira no primeiro semestre deste ano

Agronegócio: Temor pela falta de defensivos eleva a importação no Paraná

Curitiba – Números divulgados pela administração do terminal do Porto de Paranaguá mostram que neste ano, as importações brasileiras de defensivos agrícolas aumentaram 95%. O Porto de Paranaguá é considerado o segundo maior do Brasil. Foram 166 mil toneladas movimentadas entre os meses de janeiro e agosto deste ano, por conta do aumento de estoque das empresas, maior pressão das pragas no campo e aprovação das novas moléculas por parte do Ministério da Agricultura em 2022.

Para o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), o mercado de defensivos agrícolas no Paraná representou 10% da aplicação total brasileira no primeiro semestre deste ano. Foram aplicados mais de US$ 630 milhões em insumos durante este período, ou seja, isso corresponde a 12% a mais em relação ao mesmo período do ano passado.

De acordo com o gerente comercial e de atendimento do Terminal de Contêineres de Paranaguá, Giovanni Guidolim, o motivo pelo crescimento do volume movimentado é a preferência dos trâmites para ser feito via Paranaguá. Os principais clientes de defensivos agrícolas via Porto de Paranaguá movimentaram 11.382 TEUs (unidade de medida padrão para um contêiner de 20 pés). É quase o dobro do que foi registrado no ano anterior, quando ocorreu a movimentação de 5.851 TEUs. “Prevendo uma nova falta de produtos, os clientes intensificaram as importações com o objetivo de antecipar as próximas safras, gerando um substancial estoque de mercadorias”.

Em novembro do ano passado, a crise dos fertilizantes provocou uma polvorosa no setor mundial, com grandes reflexos no Brasil. China e Belarus, tidos como os maiores produtores e exportadores de defensivos do mundo, sofreram com crises de energia e política, respectivamente, comprometendo a comercialização para os países. O Brasil é o quarto maior importador de fertilizantes do planeta. Em virtude dessas crises, a produção destes insumos no ano passado cai drasticamente e por conta disso, os preços chegaram a patamares nunca vistos antes, com alguns produtos apresentando valores até 200% maiores.

Em 2020, por exemplo, ano em que o mundo ainda enfrentava uma das maiores pandemias de sua história, a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), informou que das 40 milhões de toneladas usadas no Brasil, 6,3 milhões de toneladas foram produzidas em solo brasileiro. O restante, veio da China, Belarus, Rússia e Canadá. Isso levou os produtores de commodities a se precaver e a realizar compras antecipadas destes insumos, gerando o aumento no movimento dos portos, principalmente no Paraná.

A China é o maior produtor mundial de adubos nitrogenados e fosfatados, responsável por 29% e 39%, respectivamente, do volume global produzido. Para o Brasil, é o segundo maior fornecedor de nitrogenados, com 20% do total, 7% de fosfatados, e 75% de sulfato e nitrato de amônio.

Conforme números apurados com o Sindiveg, em 2021, o mercado de defensivos movimentou R$ 875 milhões no Brasil. Esse mercado gera cinco mil empregos diretos no País e mais 15 mil indiretos. De janeiro a junho, mais de 741 milhões de hectares foram tratados com esses insumos essenciais – cerca de 1,7 milhão de hectares a mais que em igual período do ano anterior. Essas aplicações envolveram R$ 34,264 bilhões, sendo 37% do valor em inseticidas, 26% em herbicidas, 25% em fungicidas e 6% em tratamento de sementes.

Foto: Arquivo/AEN/APPA