BRASÍLIA – Apesar da polêmica criada pela campanha do PMDB, em tom de ameaça de atingir inclusive o pagamento do Bolsa Família, o líder do governo e presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), repetiu nesta terça-feira o tom alarmista, ao falar sobre os riscos de não aprovação da proposta de reforma da Previdência já em tramitação na Câmara. Jucá disse que o texto pode sofrer pequenas alterações no Congresso, mas é preciso manter sua essência sob risco de não sobrar dinheiro para pagamento de salários do setor público.
? Se não mudar a Previdência, no futuro, não haverá gasto público para outras questões e, portanto, haverá uma completa inabilitação do serviço público para atender a população. Ninguém quer isso. Inclusive, atraso no pagamento de salários de ativos e também atraso de pagamento de aposentados, como ocorre hoje em alguns estados brasileiros ? disse Jucá.
Apesar de manifestações de líderes de partidos da base pregando mudanças no texto da Reforma da Previdência, Jucá diz acreditar que não haverá mudanças estruturais.
? A espinha dorsal da reforma está proposta. É claro que poderá haver ajustes, poderá haver compensações. É para isso que há debate político, por isso que existem as Casas do Congresso, para debater, para ouvir, melhorar propor. Agora, toda mudança ou toda proposição precisa ser feita com base na realidade e a realidade hoje é: a Previdência é um problema para o país. A Previdência é um rombo inadministrável ? disse Jucá.
Sobre as propostas dos aliados para mudar a proposta do governo, Jucá não acredita que isso irá causar qualquer rebelião na base durante a tramitação da reforma da Previdência.
? Acredito na unidade e acredito que unidade também é debate. Qualquer questionamento, qualquer ponto levantado para discussão não quer dizer rebeldia. Quer dizer opinião. O Congresso é casa da discussão, do debate. Se pudermos criar mecanismos, melhorarmos a proposta da Previdência, ótimo. Nós temos só uma consciência: esta reforma da Previdência tem que fazer conta, tem que fazer cálculo. Ela tem um dogma. Ela terá que sair como resultado de uma mudança sustentável, equilibrada para o futuro, dando responsabilidade de gastos e, principalmente, responsabilidade no pagamento das futuras aposentadorias ? avaliou Jucá.
Ele minimizou a possibilidade de uma CPI da Previdência atrasar a tramitação da reforma. Disse que isso é uma questão dos senadores e qualquer coisa que possa acrescentar dados, será melhor.
? Não sou contra nenhum tipo de levantamento. Ninguém quer esconder os números da Previdência. Os números da Previdência são claros. A conta sai todo mês, a conta sai no final do ano, no deficit público. Então, se a CPI da Previdência for para definir qual foi a causa desse rombo eu acho que ajuda ? diz Jucá.