Cotidiano

Proibição de laptops e tablets afeta 50 voos por dia para os EUA

WASHINGTON ? Os Estados Unidos proibiram o porte de laptops, tablets e outros dispositivos eletrônicos nos voos provenientes de oito países de maioria muçulmana do Oriente Médio, alegando risco de atentados terroristas em voos comerciais. A nova regra, que entra em vigor nesta terça-feira, afeta 10 aeroportos e cerca de 50 voos por dia, todos de empresas estrangeiras.

Funcionários de alto escalão disseram à imprensa que foi dado um prazo de 96 horas ? a partir das 7h GMT (4h de Brasília) desta terça-feira ? para que nove companhias aéreas de oito países proíbam seus passageiros de portar dispositivos maiores que telefones celulares ou smartphones na cabine.

Passageiros ainda podem viajar com esses itens, mas eles devem ser embalados em sua bagagem despachada. A proibição permanecerá indefinidamente, segundo autoridades federais.

Funcionários do governo disseram ainda que as regras foram implementadas a partir de uma análise da Inteligência, segundo a qual os terroristas continuam a alvejar a aviação comercial ao ?contrabandear explosivos em dispositivos eletrônicos portáteis?.

?Com base nessas informações, o secretário de Segurança Interna, John Kelly, e a gerente em exercício da Administração de Segurança de Transporte, Huban Gowadia, determinaram que é necessário melhorar os procedimentos de segurança dos passageiros em certos aeroportos de partida para os Estados Unidos?, disseram as autoridades.

A proibição afeta voos dos aeroportos internacionais em Amã, Jordânia; Cidade do Kuwait, no Kuwait, Cairo, no Egito; Istambul, na Turquia, Jeddah e Riad, Arábia Saudita; Casabranca, Marrocos; Doha, Qatar; e Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Espera-se que a medida seja anunciada formalmente na terça-feira pelo Departamento de Segurança Interna, mas a Royal Jordanian Airlines começou a advertir passageiros que objetos como laptops, iPads e máquinas fotográficas deverão ser despachados.

Na segunda-feira, o Departamento de Segurança Interna dos EUA se recusou a comentar a medida.

Alguns ataques mortais ocorreram em função do uso de eletrônicos a bordo. Um dos mais marcantes foi o voo 203 da Avianca, que deixou 110 mortos em 1989 quando o Cartel de Medellín implantou uma bomba na cabine da aeronave buscando derrubá-la com o então candidato presidencial César Gaviria. O avião se partiu ao meio com a ativação da bomba em uma maleta com um falso dispositivo eletrônico pouco após decolar em Bogotá. Gaviria não embarcara de última hora.

O governo Trump vem causando controvérsia até na Justiça com as medidas antiterror. Na mais recente ação barrada judicialmente, o presidente amenizava discretamente o tom em relação a um decreto anterior, mas mantinha o veto à entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana. A medida acabou suspensa na semana passada após juízes considerarem que ela continua violando direitos fundamentais.